A greve regional convocada pelo SIm - o Sindicato Independente dos Médicos - já se faz sentir nos centros de saúde. Exemplo disso, a situação vivida esta manhã no Centro de Saúde de Odivelas, que faz parte do ACES Loures/Odivelas.
À hora de abertura já eram mais de trinta os utentes à espera. E alguns deles chegaram a meio da madrugada, como Cintia Almeida, que chegou pouco depois das quatro da madrugada. Depois das oito, o Centro de Saúde lá abriu. E Cintia foi das primeiras a entrar - mas também das primeiras a sair, logo depois.
"Disseram que há greve de médicos e que a probabilidade de não aparecer nenhum é grande e que, por isso, o melhor é eu ir-me embora". Abandona o parque de estacionamento e dirige-se para a rua, onde deve estar quase a chegar o transporte que chamou, via plataforma eletrónica.
Lara de Jesus chegou pouco mais tarde à fila. Às cinco da manhã já lá estava, à espera, já com várias pessoas à sua frente. Ajeita os óculos e a cintura das calças e explica que está grávida. Veio "com a intenção de obter isenção", pela sua condição.
"Nada. Disseram-me que tenho de vir a uma consulta, só que ainda sou imigrante. Vivo aqui há quase dois anos e ainda estou a aguardar documentação do SEF".
Atento está Fábio Antunes, companheiro de Laura.
"É um bocadinho ingrato", diz. "Eles são imigrantes mas também descontam como nós. Chegam aqui e não há médico".
Para tentar obter isenção no hospital, há que ir ao Centro de Saúde.
"Podiam tratar do assunto no hospital, mas não. E nós andamos aqui a perder tempo de um lado para o outro".
Dá a mão à companheira e prepara-se para atravessar a passadeira para o outro lado da Avenida, não sem antes admitirem que face às dificuldades, o melhor mesmo é tentar suportar um seguro de saúde. Porque a saúde pública tarda em conseguir responder às necessidades.