Aos nove anos, Gonçalo Ramos dava os primeiros passos enquanto futebolista, mas já começava a amadurecer o sonho de fazer carreira nos relvados.
No início da carreira, o algarvio teve Guido Silvestre para o guiar. Em entrevista à Renascença, o treinador recorda um jovem que, dentro de campo, perdia a timidez.
"Ele antes dos jogos era um bocado reservado, mas depois no campo transformava-se. Era agressivo e competitivo como é hoje. Quando perdia vinham as lágrimas aos olhos porque não gostava nada de perder", lembra, entre sorrisos.
Guido Silvestre treinou Gonçalo Ramos no primeiro ano de competição. Dentro de campo, Tomás Fernandes era quem assistia o internacional português para os primeiros golos da carreira.
"A jogada era quase sempre a mesma:eu na linha, procurar o Gonçalo, cruzar e o resto é história. Marcava golo", lembra o atual jogador do Louletano.
Dentro e fora dos treinos, não podia faltar uma bola de futebol por perto, como nos conta Tomás Fernandes: "Ficávamos no quintal da casa dele a jogar à bola, não pensávamos noutras coisas."
Brilhar lá fora e recordar Olhão
Do quintal para os maiores palcos do mundo do futebol, Gonçalo Ramos viveu uma noite inesquecível no Qatar com os três golos apontados à Suíça. O primeiro fez lembrar os velhos tempos.
"Ele já quando era mais novo fazia golos de várias maneiras: Pé direito, pé esquerdo, de cabeça... De vez em quando sacava um coelho da cartola e surpreendia toda a gente", revela o treinador.
Depois dessa grande noite, não faltaram mensagens de apoio e, lá no meio, o olhanense não esqueceu as origens.
"Tive a oportunidade de falar um bocado com ele por mensagens e deu para perceber que está bem", garante Tomás.
"Pés bem assentes na terra"
Aos 21 anos, Gonçalo Ramos vive um dos melhores momentos da carreira, mas quem o conhece bem diz que o avançado não se deslumbra facilmente. "Sempre foi um rapaz com os pés bem assentes na terra e sempre trabalhou pelos objetivos dele", afirma o técnico.
Objetivos que têm sido superados, num percurso que deixa Guido Silvestre orgulhoso: "Também me vêm as lágrimas aos olhos quando o vejo a jogar e a fazer aquelas exibições boas, mas acima de tudo pela humildade que ele tem."
Das origens de Gonçalo Ramos sai o desejo de que o pistoleiro de Olhão continue de pontaria afinada.