Encontro Guterres-Putin não foi "fórmula feliz", diz Rangel
04-11-2024 - 20:51
 • Alexandre Abrantes Neves , com redação

Ministro dos Negócios Estrangeiros admite aumentar o apoio financeiro à Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinianos.

O encontro entre o secretário-geral da ONU, António Guterres, e o Presidente russo, Vladimir Putin, não foi uma "fórmula feliz", afirmou esta segunda-feira o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel.

No debate parlamentar na especialidade do Orçamento do Estado para o próximo ano (OE2025), Paulo Rangel comentou a reunião entre o secretário geral da ONU e o Presidente da Rússia no mês passado, durante a cimeira dos BRICS, que gerou muitas críticas por parte da Ucrânia.

O ministro dos Negócios Estrangeiros assinala que o critério de Guterres para se encontrar com Putin não foi o mais acertado.

“Não ter ido à Conferência de Zurique, onde eu acompanhei o Presidente da República, e depois ir ao encontro dos BRICS é algo que cria problemas. Não é uma crítica, porque um secretário-geral deve manter relações com qualquer parte, mesmo com as partes mais problemáticas, mas há muitas formas de o fazer e de dar sinais, e esta não foi uma forma feliz”, declarou o chefe da diplomacia portuguesa.

Na opinião de Paulo Rangel, “ou se vai a tudo ou então tem que se ter algum critério”.

No debate da especialidade do Orçamento do Estado, o ministro destacou o aumento de 10% das verbas para a política externa.

Rangel admite mais apoio à população de Gaza

O Chega lamentou que o Orçamento do Estado para o próximo ano não inscreva verbas de apoio a Israel. O deputado Pacheco de Amorim fala de uma "ausência gritante" por o Governo não ter destinado apoios a Telavive para 2025.

Na resposta, Paulo Rangel sublinhou os atos inaceitáveis das tropas israelitas em Gaza e na Cisjordânia e criticou também Israel por condicionar cada vez mais a ação da ONU na Faixa de Gaza.

Por outro lado, o ministro dos Negócios Estrangeiros admitiu aumentar o apoio financeiro à Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinianos (UNRWA, na sigla inglesa).

“O Governo português não tem dúvidas de que esta é a única agência humanitária que tem ainda alguma capacidade - dentro das limitações terríveis que existem - para distribuir a ajuda. Nós estamos disponíveis no quadro da União Europeia para reforçar o apoio à UNRWA”, disse Paulo Rangel.

No debate no Parlamento, o chefe da diplomacia portuguesa voltou a afirmar que ainda não é a hora para reconhecer a soberania da Palestina.