O presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, considera que não é possível “passar cheques em branco a ninguém”, incluindo à TAP.
“Não se pode passar cheques em branco a ninguém muito menos a uma companhia aérea que, do meu ponto de vista, não tem tido a estratégia que respeitem os interesses do país”, afirmou o presidente, em declarações à Renascença.
Miguel Albuquerque mostra-se, assim, favorável à providência cautelar que travou a ajuda estatal de 1,2 mil milhões de euros à companhia aérea.
O presidente do governo regional diz que “se o Estado pretende intervir na companhia com dinheiro dos contribuintes, há um conjunto de regras ou de imposições que devem ser determinadas pelo próprio Estado em função daquilo que são os interesses nacionais”, o que, na opinião de Albuquerque, não tem acontecido.
O madeirense considera que a companhia aérea tem “estado durante estes últimos anos virada de costas para as regiões do país e para aquilo que é, do meu ponto de vista, os interesses prevalentes do todo nacional”.
Bilhetes mais baratos e rotas diretas
No entender de Miguel Albuquerque, os interesses nacionais que devem ser defendidos pela TAP “passam pelo interesse regional, passam pelo interesse arquipelágico do país e pelo Portugal pluricontinental que tem a ver com as suas comunidades”.
Assim, o presidente do governo regional defende bilhetes mais baratos e rotas diretas que tragam turistas para o país.
“É fundamental que a companhia pratique preços, por exemplo, entre a Região Autónoma da Madeira ou dos Açores e o Porto ou Lisboa consonantes com aquilo que é normal, não podemos ter preços a 500 euros”, argumenta, defendendo seja estipulada “uma baixa de tarifas para o turismo nacional”.
Miguel Albuquerque acusa ainda a administração da TAP de ter abandonado ligações aéreas que fazem falta ao desenvolvimento da economia nacional.
“É fundamental também que a TAP assuma uma posição enquanto companhia de transporte de turistas para o nosso país, não pode abandonar rotas, como abandonou rotas, que nós tínhamos diretas de Londres, de Paris, de Madrid, de Berlim que eram voos importantíssimos para o desenvolvimento da indústria turística em Portugal”, argumenta.
O madeirense exige ainda que a TAP “assuma também um papel de ligação estreita às comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo”.
“Se não for assim, é melhor ter uma companhia privada. Se não for para servir o país e for para servir os acionistas privados tanto faz que seja a TAP como a Easyjet, como qualquer outra companhia”, contesta.
A rematar estas declarações à Renascença, Miguel Albuquerque considera que se a defesa do interesse nacional não for cumprida “não vale a pena meter dinheiro lá dentro” e que, “se não for assim, a TAP vai falir”.