O ex-vice-presidente do governo da Catalunha, Oriol Junqueras, preso em Barcelona e condenado a 13 anos de prisão, acusa a Espanha de não estar "interessada numa solução política" para o conflito aberto com a Catalunha.
"O primeiro-ministro socialista, Pedro Sánchez, tal como o seu antecessor, o conservador Mariano Rajoy, nunca quiseram fazer parte da solução", defende Junqueras, num artigo que assina esta quarta-feira no diário norte-americano "The Washington Post".
Para o dirigente político catalão, a democracia espanhola "entrou numa fase extremamente perigosa" e está mesmo "sob ameaça".
"A Espanha está a limitar e a condicionar o exercício da democracia e dos direitos civis e políticos de todos os cidadãos", acusa, acrescentando que "o governo espanhol está a acender as chamas do conflito, em vez de trabalhar para encontrar uma solução política através do diálogo".
Oriol Junqueras reafirma que "o referendo de autodeterminação é inevitável", restando saber, apenas, "quando e como será realizado".
"Se a Espanha não quiser se sentar do outro lado da mesa, a comunidade internacional terá que forçá-los a fazê-lo ou, na pior das hipóteses, tomar o seu lugar."
"Espanha disse aos cidadãos da Catalunha que eles não têm o direito de decidir sobre seu futuro de maneira democrática, limitando assim seus direitos civis e políticos. No entanto, iniciou-se um novo período em que esse conflito deverá ser tratado e resolvido por consenso internacional, pelas instituições europeias, pelas Nações Unidas e, se necessário, pelos tribunais internacionais", sublinha Junqueras.
A prisão como "passo" de um "caminho rumo à liberdade"
Sobre a decisão do Supremo Tribunal de o condenar a 13 anos de cadeia, o ex-vice-presidente do governo da Catalunha lembra que, "quando a injustiça reina, não é incomum que pessoas inocentes passem algum tempo na prisão".
"Sabíamos que a prisão poderia ser outro passo nesse caminho rumo à liberdade", diz.
"Cadeia e exílio não são sintomas do fracasso do movimento pró-independência, mas muito pelo contrário. A repressão indiscriminada prova o fracasso do chamado Estado de Direito da democracia imatura que Sánchez e seu ministro das Relações Exteriores, Josep Borrell, estão fazendo um esforço para defender", acusa
Considerando que o julgamento a que foi sujeito teve cariz "político", uma vez que "não julgava factos, mas ideias", Junqueras aponta que o único objetivo da Justiça de Madrid foi "restringir o direito dos catalães de decidir sobre seu futuro".
"A sentença foi um ataque direto ao Estado de Direito - um erro histórico que terá sérias conseqüências nas relações entre a Catalunha e a Espanha", constituindo, também, "uma afronta ao tipo de solução política para o conflito que a comunidade internacional exige".