Logo no início do primeiro confinamento, em março de 2020, o externato Lápis de Cor, em Odivelas, “perdeu 17 crianças e em abril perdeu mais oito”. Segundo a gerente Rute Duarte, no espaço de dois meses ficou só com metade das 50 crianças, que recebia diariamente.
À Renascença reconhece que depois “de perder 50% das crianças, o externato deixou de conseguir fazer face às despesas fixas mensais e tornou-se muito complicado… Até para a vida pessoal”.
Durante o período de confinamento, com o encerramento de creches, Rute reduziu o valor da mensalidade em 15%, mas muitos pais “acharam que não deviam pagar e foram anulando a matrícula”.
Ao mesmo tempo estavam em regime de teletrabalho e “as crianças, deixaram de aparecer”.
Face ao avolumar das contas para pagar, em fevereiro deste ano, resolveu encerrar o estabelecimento. “Foi necessário dispensar educadoras e auxiliares. Foi um sonho que se perdeu.”
Abriu insolvência e ficou com “uma despesa muito avultada” para pagar (perto de 75 mil euros), mas ainda não sabe como vai fazer o pagamento, nem sabe como vai ser faseado.
Para já, precisa de trabalhar. Por isso, aceitou um projeto de atividades de enriquecimento curricular num agrupamento de escolas, onde cumpre dez horas semanais.
Recebe 348 euros por mês e nos períodos da manhã aceita “tudo o que aparece”.
Por estes estes dias o telefone de Rute não tem parado de tocar: são pais à procura de uma vaga no externato, mas desde fevereiro que o Lápis de Cor fechou portas.