Cerca de cinquenta mil judeus sefarditas pediram nacionalidade espanhola, só durante o mês de setembro.
O número representa quase metade de todos os pedidos de nacionalidade feitos por sefarditas ao longo dos últimos quatro anos e justifica-se pelo facto de o prazo terminar à meia-noite desta segunda-feira.
Segundo o jornal “El País” no total terão sido recebidos cerca de 110 mil pedidos, feitos por judeus que são descendentes dos sefarditas expulsos de Espanha no século XV. Em 2015 Espanha aprovou uma lei que permite aos membros da comunidade pedir nacionalidade espanhola, desde que consigam provar que têm raízes em Espanha, mas fixou como prazo o dia 30 de setembro de 2019. Portugal aprovou uma lei praticamente igual, mas não inclui prazo.
O jornal espanhol diz que os pedidos têm chegado de mais de 60 países.
Nem todos os pedidos são aceites, contudo. A maioria dos requerentes precisa de viajar para Espanha para concluir o processo e nem todos têm forma ou paciência de o fazer. Para além de um certificado da comunidade judaica a confirmar a ascendência sefardita, as pessoas em questão devem ainda comprovar que estão inscritos em cursos sobre a língua, cultura e constituição espanhola.
O processo tem sido moroso. Do total recebido, apenas foram aprovados os pedidos de pouco menos de cinco mil pessoas, sendo que destas a maioria são da Venezuela, um dos países de onde surgiu maior interesse, dada a instabilidade social e política que se vive naquele Estado sul-americano.
Os sefarditas são os judeus originários da Península Ibérica. São, a seguir aos asquenazes, do centro e leste europeu, a maior comunidade judaica do mundo.