Três semanas depois do arranque do ano letivo, docentes e educadores voltam a parar para exigir velhas reivindicações, como a contabilização integral do tempo de serviço, apesar de, na segunda-feira, o primeiro-ministro ter voltado a rejeitar a hipótese de uma recuperação integral do tempo de serviço dos professores.
Em resposta, os dirigentes sindicais garantiram que os professores não vão desistir e que a luta vai continuar. Prova disso, o encerramento de escolas, hoje, de norte a sul do país. Muitas delas em Lisboa.
Não é comum ver tantos alunos concentrados frente ao portão da escola da Básica e Secundária Gil Vicente. Habitualmente, chegam à Rua da Verónica e entram na escola logo por volta das oito. Mas hoje a dúvida face à greve dos professores terá feito com que a direção do Agrupamento não tivesse autorizado a entrada. As centenas de alunos, muitos dos quais acompanhados dos encarregados de educação, tiveram de esperar uma hora, às 9h15, para saber se haveria aulas no periodo da manhã.
De mão dada com a filha, Andreia Marques lamentava a incerteza: "Sempre que há greves andamos com o coração nas mãos, sem saber o que fazer e para onde os podemos levar. É complicado, temos de trabalhar."
Esta mãe lembrava que na segunda-feira há outra greve: não dos professores, mas dos auxiliares. Por ali, já circulava a informação que as três funcionárias que habitualmente estão no portão de entrada não vão comparecer.
Mais afastado do portão de entrada, José Marques também não entendia porque razão a sua neta e todos os outros alunos tiveram de ficar na rua. Ainda para mais porque podendo não ter a primeira aula, podia ter alguma outra.
"Por outro lado, temos aqui outra questão", sublinhava este avô: "Não podemos contactar com eles porque nesta escola não estão autorizados a utilizar o telemóvel."
Minutos mais tarde, e com cada vez maior número de alunos concentrados à entrada, o portão lá abre e os alunos entram na escola.
E os auxiliares lá vão chamando a atenção dos pais para a necessidade de, à hora de almoço, regressarem à escola para saber se os seus filhos vão ter aulas.
De caixa de transporte de violino nas costas, uma mãe, que preferiu não ser identificada, lembrava que já ia chegar uma hora atrasada ao trabalho.
"Tenho um patronato flexivel. Se assim não fosse, não sabia como conseguiria resolver o problema."