Numa basílica de São Pedro, repleta de sacerdotes, o Papa condenou, na manhã desta quinta-feira, a duplicidade de vida que mancha a Igreja e gera divisão.
“Por favor, estejamos atentos a não manchar a unção do Espírito e as vestes da Mãe Igreja com a desunião, com as polarizações, com qualquer falta de caridade e de comunhão”, afirmou Francisco.
“Quando nos tornamos instrumento de divisão, pecamos contra o Espírito e faz-se o jogo do inimigo, que nunca sai a descoberto mas gosta de boatos e insinuações, fomenta partidos e facções, alimenta a nostalgia do passado, a desconfiança, o pessimismo, o medo."
Na homilia da missa crismal, em que os óleos sagrados foram benzidos e os sacerdotes renovaram os seus votos de consagração, Francisco pediu humildade, comunhão e harmonia. “Recordemos que o Espírito prefere a forma comunitária, ou seja, a disponibilidade acima das exigências próprias, a obediência acima dos próprios gostos, a humildade acima das próprias pretensões."
Consciente das crises, desilusões, cansaços, rotinas e fraquezas, que perturbam a vocação dos padres, o Papa alertou para “o grande risco de permanecem intactas as aparências, enquanto a pessoa se fecha em si mesma e conduz a vida na apatia, ou quando a fragrância da unção deixou de perfumar a vida e o coração, em vez de se dilatar, restringe-se envolvido pelo desencanto”.
Admitir a verdade da própria fragilidade “pode ser um ponto de viragem” porque “a maturidade sacerdotal passa pelo Espírito Santo e realiza-se quando Ele Se torna o protagonista da nossa vida. Então tudo muda de perspetiva, inclusive as desilusões e amarguras, porque já não se trata de procurar aperfeiçoar-se ajustando qualquer coisa, mas de nos entregarmos, sem nada reter para nós”, garantiu Francisco.
O Papa sublinhou também a importância da harmonia e na “gentileza do sacerdote”, sob pena de a Igreja não se abrir a ninguém. “Se o povo encontra em nós pessoas insatisfeitas e descontentes que criticam e acusam, onde poderá ver a harmonia? Quantos não se aproximam ou até se afastam, porque não se sentem acolhidos e amados na Igreja, mas olhados com desconfiança e julgados! Em nome de Deus, acolhamos e perdoemos sempre! E lembremo-nos de que ser ríspido e lamuriento, além de não produzir nada de bom, corrompe o anúncio, é contra-testemunho de Deus, que é comunhão e harmonia”, concluiu o Santo Padre.
Esta tarde, o Santo Padre desloca-se a uma prisão juvenil para celebrar, de forma privada, a missa da Ceia do Senhor e o rito do lava-pés. Francisco encontrará cerca de 50 jovens, entre os 14 e os 25 anos, de várias nacionalidades e nem todos católicos. A maioria dos jovens já se encontrava neste estabelecimento prisional quando o Papa aí se deslocou, na sua primeira celebração de Quinta feira Santa, em 2013, poucos dias após a sua eleição.