O bispo da Diocese de Vila Real, D. António Augusto Azevedo, convida os cristãos a viverem o “genuíno espírito pascal” indicando que tal “significa acreditar que muitas ‘passagens’ são necessárias e possíveis, que não há barreiras intransponíveis”.
Nos dias que correm, “diante de sinais alarmantes como a acentuação de injustiças, a corrida aos armamentos, a polarização das sociedades, a proliferação de discursos do medo e do ódio, é necessário operar vários tipos de ‘passagem’”, sinaliza.
Para o prelado, a passagem a que os cristãos são desafiados, dever levar “ao despertar da letargia em que muitos se encontram para que se disponham a caminhar com quem não se resigna nem desiste de buscar um futuro melhor”.
Trata-se de uma “passagem libertadora de regras injustas, hábitos nocivos, linguagens manipuladoras ou formas de pensamento condicionadas. A passagem que implique o abandonar de espaços ou esquemas de violência, corrupção e desumanidade para promover relações e ambientes mais pacíficos, fraternos e solidários”, aponta.
Recordando que na Páscoa de Jesus Cristo realizou-se a passagem mais importante e decisiva, aquela que leva da morte à vida, D. António Augusto Azevedo destaca que “esta boa nova pascal concentra-nos na matriz original do cristianismo e desafia-nos a renovar a fé na presença do Ressuscitado e a confiança de que Ele estará sempre connosco até ao fim dos tempos”.
“Para os cristãos, a celebração da Páscoa é o momento especial para tomar consciência do tesouro da fé e afirmá-la de forma alegre e corajosa. Na Páscoa reencontramos ainda a identidade originária da Igreja como comunidade de batizados, animados pelo Espírito do Ressuscitado e chamados a testemunhá-lo no mundo”, aponta.
Nesta festa, da qual tudo brota, descobrimos a inspiração para a necessária renovação eclesial, a passagem de uma Igreja cansada, rotineira e envelhecida para uma Igreja cheia da vida nova do Espírito e com um rosto rejuvenescido.
Mas, “para que essa passagem seja efetiva, precisamos de nos deixar conduzir pelo Espírito no modo de enfrentar este momento de crise provocada pela revelação dos casos de abusos sobre menores”, destaca o responsável pela diocese transmontana.
D. António Augusto Azevedo sublinha ainda que “acabou de ser retirada a pedra que mantinha o silêncio sepulcral sobre estes dramas que abalaram a vida de muitas pessoas. O confronto com a realidade foi doloroso mas simultâneamente libertador, foi condição necessária para uma autêntica purificação”.
Por isso, o bispo de Vila Real desafia a “fazer juntos este caminho que implicará enfrentar a verdade, assumir responsabilidades, cuidar das pessoas mais feridas e tomar medidas que evitem que estes casos voltem a ocorrer na Igreja, na sociedade ou na família”.
A concluir a sua mensagem pascal, D. António Augusto Azevedo dirige-se “a todos os diocesanos de Vila Real, a todos os homens e mulheres de boa vontade, às crianças e aos jovens, a todas as famílias, aos emigrantes e imigrantes, aos mais pobres, aos que estão a passar por maiores dificuldades e sofrimentos”, endereçando “votos de Santa e Feliz Páscoa”.
“Que Deus a todos abençoe e conceda saúde, alegria e paz”, conclui.