Para travar um novo fluxo de refugiados, a Turquia anunciou estar a construir um muro ao longo da sua fronteira com o Irão — que faz fronteira com o Afeganistão — para impedir um potencial fluxo de milhares de afegãos que tentam fugir do país.
Prevê-se que com a tomada de poder dos talibãs se gere uma nova crise de refugiados.
O muro terá 295 quilómetros de comprimento e estará fortificado com arame farpado e trincheiras, de acordo com um relatório da agência France-Presse.
“Intensificaremos os nossos trabalhos e vamos reforçar o entendimento de que ‘as nossas fronteiras são intransitáveis’”, disse o ministro da Defesa, Hulusi Akar, citado pela Sky News.
O Alto Representante da União Europeia para a Política Externa agendou uma reunião de emergência para esta terça-feira, para discutir a situação no Afeganistão.
A convocatória da reunião extraordinária de ministros dos Negócios Estrangeiros ocorre numa altura em que muitos Estados-membros procedem a operações de evacuação para repatriar rapidamente os seus diplomatas e cidadãos da capital afegã, tomada no domingo pelas forças talibãs, na sequência de uma campanha militar incrementada desde o passado mês de maio, altura em que os militares norte-americanos começaram a retirada final do país.
Os Estados Unidos anunciaram, na segunda-feira, uma ajuda de 500 milhões de dólares (perto de 425 milhões de euros) para refugiados e migrantes em fuga do Afeganistão, após a tomada do poder pelos talibãs.
Em comunicado, a Casa Branca informou que o Presidente norte-americano, Joe Biden, decidiu usar esse montante, disponível num fundo de emergência, para satisfazer as necessidades "inesperadas" e "urgentes" dos afegãos.
Washington prestará esta assistência a migrantes e refugiados através das suas agências governamentais, como a Agência para o Desenvolvimento Internacional (USAID), e oferecerá parte dos fundos a países que acolham afegãos, bem como a grupos humanitários e organizações internacionais.
Vários líderes mundiais, incluindo o Presidente francês Emmanuel Macron, manifestaram na segunda-feira preocupação com a possível chegada de milhares de requerentes de asilo afegãos à Europa, advertindo que não poderão acolher sozinhos tantos refugiados.
Os talibãs conquistaram Cabul no domingo, culminando uma ofensiva iniciada em maio, quando começou a retirada das forças militares norte-americanas e da NATO.
As forças internacionais estavam no país desde 2001, no âmbito da ofensiva liderada pelos Estados Unidos contra o regime extremista (1996-2001), que acolhia no seu território o líder da Al-Qaeda, Osama bin Laden, principal responsável pelos atentados terroristas de 11 de Setembro de 2001.
A tomada da capital põe fim a uma presença militar estrangeira de 20 anos no Afeganistão, dos Estados Unidos e dos seus aliados na NATO, incluindo Portugal.
A queda da capital e a fuga do até agora presidente afegão, Ashraf Ghani, no domingo, levaram milhares de civis para o aeroporto de Cabul, na esperança de conseguirem partir em algum dos voos militares que os EUA organizaram para retirar pessoal diplomático.
O desespero levou centenas de afegãos a tentaram fugir, agarrando-se a um avião militar norte-americano, quando este estava prestes a descolar.