O Papa disse esta terça-feira que não receia, mas reza para que não aconteça um cisma na Igreja Católica promovido por conservadores norte-americanos. Francisco mostra-se aberto ao diálogo.
Tal como tinha acontecido na viagem de ida para Moçambique, o Papa voltou a ser confrontado com as críticas de setores conservadores religiosos dos Estados Unidos.
Francisco começou por dizer que “as críticas ajudam sempre” e que tira sempre vantagens de opiniões contrárias, o problema são as que são feitas pelas costas, de forma desleal.
“Por vezes irritam-te, mas há sempre vantagens. Mas as críticas ao Papa não são só dos americanos, há por todo o lado, até na Cúria. Ao menos os que as fazem, têm a vantagem e a honestidade de as dizer. Gosto disso. Não gosto é quando as críticas surgem debaixo da mesa e te fazem sorrisos a mostrar os dentes e, depois, espetam-te a faca nas costas. Isto não é leal, nem humano. ‘Não gosto deste Papa…’ Fazer uma critica sem querer ouvir a resposta e sem um diálogo construtivo, é não querer bem à Igreja, é prosseguir uma ideia fixa: mudar de Papa, mudar de estilo, fazer um cisma, não sei…”, declarou Francisco.
Questionado se tem receio de um cisma na Igreja Católica, o Papa diz que reza pelo diálogo, mas não tem medo desse cenário.
“Na Igreja, já houve tantos cismas… No Vaticano II, a separação mais conhecida foi a de Lefèbvre. Sempre houve a opção cismática na Igreja, é uma das opções que o Senhor deixa sempre à liberdade humana. Não tenho medo dos cismas. Rezo para que não aconteça, porque põe em risco a saúde espiritual de tanta gente. Rezo para que haja diálogo, para que haja correção no caso de haver algum erro, mas o caminho do cisma não é cristão. Os cismáticos têm sempre uma coisa em comum: afastam-se do povo, da fé do povo de Deus”, afirmou.
Nesta conversa com os jornalistas, o Papa falou de questões ambientais, para dizer que a corrupção associada a desflorestação é terrível, e deixou um alerta contra os discursos xenófobos.