O número de mortos num prédio residencial atingido por um míssil, em Dnipro, na Ucrânia, aumentou de 36 para 40, entre os quais três crianças, mantendo-se 46 pessoas desaparecidas e 75 feridas, informou nesta segunda-feira o Serviço Estatal de Emergências.
Este ataque ocorrido no sábado, atribuído às forças russas, é um dos mais graves envolvendo civis desde o início da guerra na Ucrânia, em 24 de fevereiro do ano passado.
No último balanço, nesta segunda-feira divulgado por fontes do Serviço Estatal de Emergências, 39 pessoas, incluindo seis menores, foram resgatadas nas operações de buscas, outras 98 receberam apoio psicológico, quando os serviços municipais da cidade no sudeste da Ucrânia já tinham removido oito mil toneladas de escombros e 41 veículos danificados.
As autoridades locais decretaram três dias luto, na sequência do ataque, que, segundo o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, destruiu 72 apartamentos e danificou mais de 230, num edifício habitado por cerca de 1.100 pessoas.
UE diz que ataque foi “crime de guerra”
Para a União Europeia (UE) o sucedido na cidade de Dnipro foi um "crime de guerra" executado pelas forças russas.
"Os ataques intencionais contra civis são crimes de guerra e os responsáveis por eles devem ser castigados, leve o tempo que levar", disse nesta segunda-feira o primeiro-ministro da Suécia, Ulf Kristersson, país que ocupa a presidência semestral do Conselho da UE.
A Suécia e a UE "condenam veementemente os ataques sistemáticos e contínuos da Rússia contra civis, propriedades civis e infraestruturas essenciais na Ucrânia", acrescentou o líder sueco, incluindo "o disparo de um míssil contra um edifício no sábado em Dnipro".
Em Bruxelas, o porta-voz da Comissão Europeia para os Negócios Estrangeiros, Peter Stano, também denunciou como um "crime de guerra" o "ataque atroz" russo, reiterando o pedido a Moscovo que "pare imediatamente com estes atos".
Rússia nega autoria do ataque
O Presidente ucraniano considerou, no domingo, que o ataque foi realizado pelas forças russas a partir da região de Kursk, a algumas centenas de quilómetros de Dnipro, embora a Rússia tenha negado nesta segunda-feira o bombardeamento do edifício residencial, atribuindo a culpa à defesa aérea da Ucrânia.
"As forças armadas russas não atacam edifícios residenciais ou instalações de infraestruturas sociais, apenas alvos militares camuflados ou óbvios", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, citado pela agência oficial TASS.
Peskov invocou as "conclusões de alguns representantes do lado ucraniano" para insistir que a "tragédia foi o resultado de um projétil do sistema de defesa aérea da Ucrânia".
Essa possibilidade foi sugerida pelo conselheiro presidencial ucraniano Aleksey Arestovich, no sábado à noite, embora ressalvando que a culpa da Rússia era inequívoca.
"Todos compreendem perfeitamente que se não houvesse um ataque russo, tal tragédia não teria acontecido, independentemente do mecanismo do ataque", disse então Arestovich, citado pela agência espanhola EFE.
Putin critica “linha destrutiva” da Ucrânia
Entretanto, já nesta segunda-feira, o Presidente russo se terá queixado ao seu homólogo turco, Recep Tayyip Erdogan, da “linha destrutiva” seguida pela Ucrânia.
De acordo com a agência russa TASS, controlada pelo estado, numa conversa telefónica com o presidente da Turquia, Putin lamentou a “a linha destrutiva do regime de Kiev que leva a uma intensificação das hostilidades”.
Putin e Erdogan falaram sobre vários assuntos relacionados com a guerra na Ucrânia e com a cooperação política e económica dos dois países, como a troca de prisioneiros com a Ucrânia, a normalização das relações entre a Turquia e a Síria, a implementação do acordo dos cereais com a Ucrânia.
De acordo com a agência russa TASS, os dois líderes confirmaram uma vontade de cooperarem no setor da energia, em particular do fornecimento de gás russo à Turquia, e a criação de uma plataforma comum para este comércio entre os dois países.
Os dois presidentes também abordaram “a importância do trabalho da Federação Russa, da Turquia e do Irão no âmbito do objeto de trabalho do processo de Astana, na consolidação da questão da Síria”.
Segundo o comunicado, ao líder russo, Erdogan falou ainda da rede de processamento de cereais russos na Turquia, tendo em vista o seu fornecimento para países africanos.
Recorde-se que o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Turquia anunciara que apoiaria uma “fórmula de paz”, como a proposta por Zelensky no final do ano passado.