Depois de cinco dias consecutivos de negociações, o sindicato dos argumentistas norte-americanos, Writers Guild of America (WGA), chegou a um acordo provisório com os estúdios de Hollywood que pode acabar com a greve que dura há quase cinco meses - a segunda mais longa da história do sindicato.
Contudo, a greve ainda não terminou oficialmente, já que o acordo - que será válido durante três anos - ainda tem de ser aprovado pela liderança e ratificada pelos membros do WGA - que representa mais de 11.000 argumentistas.
"A WGA chegou a um acordo provisório com a AMPTP", declarou o sindicato em comunicado.
A Alliance of Motion Picture and Television Producers (AMPTP) é a associação comercial que representa os principais estúdios de Hollywood - Netflix, Amazon, Apple, Disney, Warner Bros. Discovery, NBC Universal, Paramount e Sony.
Assim que o acordo for ratificado, os primeiros programas a regressar deverão ser os 'talk-shows' noturnos, como os apresentados por Jimmy Kimmel, Jimmy Fallon, Seth Meyers e Stephen Colbert.
"Isto foi possível graças à solidariedade duradoura dos membros do WGA e ao apoio extraordinário dos sindicatos parceiros que se juntaram a nós nos piquetes durante mais de 146 dias”, afirmou o sindicato em email enviado aos membros.
Apesar de não ser ainda conhecido o conteúdo do acordo, os especialistas sugerem que é provável este vise várias das exigências fundamentais, como a proteção contra a IA e uma melhor compensação financeira.
"Podemos dizer, com grande orgulho, que este acordo é excecional - com ganhos e proteções significativas para os escritores de todos os sectores da sociedade", afirmou a comissão de negociação do sindicato em comunicado.
O crescimento dos conteúdos originais nos serviços de "streaming" levou a uma diminuição da remuneração residual - já que anteriormente estes pagamentos eram feitos aos artistas em função das receitas das séries ou filmes licenciados em mercados internacionais ou retransmissões na televisão. Além disso, as plataformas também tendem a oferecer temporadas mais curtas, reduzindo a quantidade de trabalho disponível para os guionistas.
Por sua vez, o sindicato dos atores, SAG-AFTRA, vão continuar em greve até que o seu sindicato chegue também a um acordo com os estúdios.
O SAG-AFTRA felicitou os argumentistas por chegarem a acordo "após 146 dias de incrível força, resiliência e solidariedade nos piquetes".
"Continuamos em greve no nosso contrato de TV/Teatral e continuamos a exortar os diretores executivos dos estúdios e dos 'streamers' e a AMPTP a voltarem à mesa de negociações e a fazerem um acordo justo", afirmou a organização num comunicado.
Mesmo que o WGA aceite este acordo provisório, os estúdios de Hollywood podem não voltar imediatamente ao trabalho, até que o AMPTP chegue a acordo também como o SAG-AFTRA, que representa cerca de 160.000 atores.
Escritores e atores apresentam exigências semelhantes, incluindo melhores salários, mais royalties, pagamentos residuais dos serviços de "streaming" pelo seu trabalho e proteções mais rigorosas contra o uso de inteligência artificial - querem garantir que os estúdios não vão usar Inteligência Artificial (IA) para os substituir.
As duas greves de Hollywood provocaram um impacto económico a nível nacional de mais de cinco mil milhões de dólares (4,7 mil milhões de euros), segundo os economistas. Sectores como os restaurantes, as empresas de serviços e as lojas de adereços também sentiram os efeitos da greve, o que obrigou a uma redução de pessoal.
Segundo o Empire State Development, em Nova Iorque, a interrupção de 11 grandes produções resultou numa perda de 1,3 mil milhões de dólares e 17.000 postos de trabalho.