O Papa Francisco defendeu, esta quinta-feira, o fim da “cultura de morte” e do “silêncio cúmplice” perante casos de abusos sexuais na Igreja Católica.
Na mensagem enviada aos participantes da Conferência "Promover a salvaguarda da criança no tempo de Covid-19 e além", que se realiza em Roma, disse que “a proteção dos menores é, cada vez mais, uma prioridade ordinária da ação educativa da Igreja”.
Francisco exortou, por isso, à “promoção de um serviço aberto, confiável e autorizado, em firme contraste com qualquer forma de dominação, desfiguração da intimidade e silêncio cúmplice”.
Esclareceu, depois, que este é o caminho que na Igreja todos devem trilhar, “impelidos pela dor e pela vergonha por nem sempre termos sido bons guardiães dos menores que nos foram confiados nas nossas atividades educativas e sociais”.
Um caminho que implica conversão pessoal e comunitária e que, no entender do Papa, “exige urgentemente uma formação renovada de todos aqueles que têm responsabilidades educativas e trabalham em ambientes com menores, na Igreja, na sociedade, na família”.
“Só assim, com uma ação sistemática de aliança preventiva, será possível erradicar a cultura da morte da qual é portadora toda forma de abuso, sexual, de consciência, de poder.”
O Papa defendeu ainda que, “se o abuso é um ato de traição à confiança, que condena à morte quem o sofre e gera profundas fissuras no contexto em que ocorre, a prevenção deve ser um caminho permanente para promover uma confiança sempre renovada e certa perante a vida e o futuro, com o qual os menores devem contar”.
“E isso nós, como adultos, somos chamados a garanti-los, redescobrindo a vocação de ‘artesãos da educação’ e procurando ser fiéis a ela. Isso significa estimular a expressão dos talentos de quem acompanhamos; respeitar os tempos, a liberdade e a dignidade; opor-se por todos os meios às tentações de seduzir e induzir, o que só aparentemente pode facilitar o relacionamento com as gerações mais jovens”, explicou Francisco.
Aos adultos que partilham o caminho com os jovens, o Papa desafiou à credibilidade, isto é, a serem responsáveis no cuidado e coerentes no testemunho.
“Que sejam promotores e guardiães de uma renovada aliança educativa entre gerações e entre os diferentes contextos de crescimento dos menores, capaz de estimular entre eles um vínculo generativo e protetor, especialmente neste complexo tempo de pandemia”, explicou.
Francisco falava aos participantes do evento organizado pela Comunidade Papa João XXIII com a Ação Católica Italiana e o Centro Desportivo Italiano, em colaboração com o Centro de Vitimologia e Segurança da Universidade de Bolonha (Itália).