O Banco de Portugal (BdP) prevê que a economia portuguesa cresça 6,3% este ano, acima dos 4,9% previstos anteriormente, apontando para expansões de 2,6% em 2023 e de 2% em 2024, segundo o Boletim Económico hoje divulgado.
Com as novas projeções, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) é revisto em alta de 1,4 pontos percentuais (p.p.) em 2022 e em baixa de 0,3 p.p. em 2023.
No boletim económico de junho, o BdP justifica a previsão para este ano com o efeito 'carry-over' de 2021 (3,7 p.p.) e os 2,6% registados no primeiro trimestre de 2022, mas também com a acentuada desaceleração no resto do ano, com esperada estagnação, em média, nos segundo, terceiro e quarto trimestres do ano, o que terá impacto no crescimento do próximo ano.
Esta previsão faz do regulador a instituição mais otimista no crescimento esperado para este ano, fixando-se acima dos 4,9% projetados pelo Governo.
Segundo o supervisor, o consumo privado aumentará 5,2% em 2022, desacelerando em 2023-24 para um crescimento mais alinhado com o do rendimento disponível real, uma vez que no início deste ano, o consumo cresceu acima do rendimento disponível real e nos trimestres seguintes, o consumo deverá ser limitado pelo aumento da incerteza, pela redução da confiança e pelo impacto da inflação no poder de compra das famílias.
O BdP prevê ainda que as exportações cresçam 13,4% este ano, 5,8% em 2023 e 3,6% em 2024, enquanto as importações subam 9,5% este ano, 4,5% em 2023 e 3,4% em 2024.
Já para a Formação Bruta de Capital Fixo conta com uma subida de 5% este ano, 7,6% em 2023 e 5% em 2024.
No que toca à taxa de desemprego estima um recuo para 5,6% este ano, 5,4% em 2023 e 2024.
O BdP indica ainda que o crescimento do consumo público irá reduzir-se, já que depois de registar um aumento de 4,1% em termos reais em 2021, a variação do consumo público deverá fixar-se em 2,2% em 2022 e -0,9% em 2023.
“Esta evolução reflete a progressiva redução dos gastos associados à pandemia e um abrandamento do emprego público. O crescimento do consumo público em 2022 reflete os efeitos da implementação do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) nas despesas de consumo intermédio”, refere.
O BdP aponta que em 2024, com a estabilização do número de funcionários públicos e a desaceleração das despesas financiadas pelo PRR, o consumo público apresente uma taxa de variação aproximadamente nula.
O regulador adverte que o atual contexto implica riscos descendentes para a atividade e ascendentes para a inflação, em particular no ano de 2022, com a invasão da Ucrânia a constituir o principal foco de incerteza.