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Mais de 11.300 suspeitas de reações adversas às vacinas contra a Covid-19 foram registadas em Portugal e houve 68 casos de morte comunicados em idosos, mas não está demonstrada a relação causa-efeito, segundo o Infarmed.
De acordo com o último relatório a Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, até ao dia 22 de julho foram notificadas 11.314 reações adversas (uma por cada 1.000 vacinas administradas), a maior parte (6.485) referentes à vacina da Pfizer/BioNtech (Comirnaty), seguindo-se a da AstraZeneca (Vaxzevria), com 3.480, a da Moderna (Spikevax), com 970, e a da Janssen, com 379 casos.
Os dados indicam que por cada 1.000 doses administradas foram comunicadas uma reação adversa no caso das vacinas da Pfizer (Comirnaty), Moderna e Jansen, enquanto no caso da caso da AstraZeneca (Vaxzevria) o valor passa para 1,7.
No entanto, frisa o Infarmed, "face ao número total de vacinas administradas, verifica-se que as reações adversas às vacinas contra a Covid-19 são pouco frequentes (cerca de 1 caso em mil inoculações) e esta relação tem-se mantido estável".
No total de 11.002.983 doses administradas em Portugal continental e nas Regiões Autónomas, o Infarmed registou 11.314 casos de reações adversas, das quais 4.015 graves (36%), entre elas 68 casos de morte entre pessoas com uma média de 78 anos de idade.
Quais as reações graves em causa?
O relatório acrescenta ainda que, dos casos de reações adversas classificados como graves, "cerca de 90% dizem respeito a situações de incapacidade temporária (incluindo o absentismo laboral) e outras consideradas clinicamente significativas pelo notificador, quer seja profissional de saúde ou utente".
No caso de reações graves, o Infarmed informa que foram confirmados dois casos de trombose e trombocitopenia e há outros cinco considerados "prováveis", todos eles relacionados com a vacina da AstraZeneca (Vaxzevria).
Foram ainda identificados oito casos de mioardite/pericardite, todos referentes à vacina da Pfizer/BioNtech (Comirnaty) e ocorreram em pessoas com mais de 30 anos de idade.
O Infarmed dá ainda conta da notificação de 11 casos de Síndrome de Guillain-Barré (SGB), uma doença inflamatória do sistema nervoso periférico, potencialmente associados à vacina Vaxzevria (AstraZeneca) e dois casos potencialmente associados à vacina Janssen.
O Infarmed tem recebido, de forma agregada ou individual, relatos de manifestações de ansiedade vacinal, "como síncope (por reação vasovagal), lipotimia (pré-síncope), hiperventilação e hipersudorese", e sublinha tratar-se de "reações conhecidas e não graves que podem surgir como respostas de stress à vacinação (e não às vacinas)".
"Porque estas reações têm sido publicamente mais associadas com a vacina da Janssen, é importante referir que, à data de elaboração do presente relatório, estavam registados 282 casos de suspeitas de síncope na base de dados europeu de reações adversas (EudraVigilance), tendo sido administradas cerca de 9 milhões de doses da vacina da Janssen no EEE [Espaço Económico Europeu], ou seja, um acontecimento raro ou subnotificado, em virtude de se reconhecer tratar-se de uma associação meramente colateral com a vacina", sublinha.
E o "efeito magnético"?
Sobre os relatos de um suposto "efeito magnético" hipoteticamente associado à vacinação contra a Covid-19 que têm sido recebidos pelas diversas agências regulamentares, o Infarmed sublinha que "não têm qualquer fundamentação científica".
A maioria das reações notificadas ao Infarmed foram registadas em mulheres (7.800): "Pensa-se que isto possa dever-se a uma maior atenção das mulheres a tudo o que diz respeito à sua saúde, bem como ao seu maior interesse por temáticas da área da saúde", refere a Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde.
Por faixas etárias, aquela que mais notificações tem é a dos 30 aos 49 anos.
Reações mais notificadas
As 10 reações mais notificadas referem-se a casos de Mialgia/dor muscular (3.044), cefaleia/dor de cabeça (2.927), pirexia/febre (2.830), dor no local de injeção (2.567), fadiga (1.288), calafrios (1.232), náusea (1.148), artralgia/dor articular (913), dor generalizada (711) e alterações/aumento dos gânglios (642).
Foram ainda registados casos de tontura (638), mal-estar geral (620), astenia/fraqueza (546), vómitos (538) e dor nas extremidades corporais (534).
Em Portugal, desde o início da pandemia, em março de 2020, morreram 17.301 pessoas e foram registados 954.669 casos de infeção, segundo a Direção-Geral da Saúde.