Novas provas "tornam inevitável" que Trump seja acusado de obstrução à Justiça
31-07-2018 - 18:43
 • Joana Azevedo Viana

Investigação publicada na "New York Review of Books" baseia-se numa série de provas inéditas reunidas por Robert Mueller, incluindo documentos confidenciais da Casa Branca.

Uma reportagem publicada esta terça-feira na revista "New York Review of Books", assinada pelo jornalista de investigação Murray Waas, avança que o conselheiro especial Robert Mueller obteve novas provas que tornam "inevitável" que o Presidente norte-americano venha a ser acusado de obstrução à Justiça - acusações que, no limite, poderão conduzir a um processo de destituição de Trump no Congresso norte-americano.

No longo artigo, que os media dos EUA estão a classificar como "explosivo", Waas cita várias fontes a dizerem que a equipa de Mueller tem agora em sua posse provas inéditas de que Donald Trump tentou fazer descarrilar as investigações à interferência da Rússia nas presidenciais norte-americanas de 2016, que culminaram com a eleição do empresário candidato pelo Partido Republicano e a derrota da democrata Hillary Clinton.

Entre essas provas contam-se, segundo as fontes, "registos altamente confidenciais da Casa Branca e testemunhos de alguns dos principais conselheiros do Presidente Trump". Parte dos documentos corresponde "a algumas das provas mais fortes reunidas até à data a implicarem que o Presidente dos Estados Unidos obstruiu a Justiça".

Algumas das fontes ouvidas por Murray Waas consideram mesmo que "é inevitável" que Mueller acabe por entregar um relatório ao Departamento de Justiça a considerar que o Presidente violou a lei.

O que está a ser definido como a peça central deste novo conjunto de provas relaciona-se com a alegação feita pelo ex-diretor do FBI, James Comey (que Trump despediu em março de 2017), de que o Presidente lhe pediu que suspendesse uma investigação a Michael Flynn, o homem que chefiou o Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca de Trump por apenas um mês, entre janeiro e fevereiro do ano passado.

Flynn foi despedido nesse mês após ter sido revelado que mentiu ao FBI sobre conversas que manteve com o então embaixador russo nos EUA, Sergei Kislyak, durante o período de transição da equipa de Trump para a Casa Branca, numa altura em que as secretas norte-americanas já tinham anunciado publicamente que reuniram provas da interferência do Kremlin no processo eleitoral que conduziu à vitória de Trump.

Os advogados de Trump têm garantido que o Presidente contratou Flynn porque achava que o general na reforma já não estava sob investigação. Contudo, as fontes citadas por Waas dizem que algumas das provas agora na posse de Mueller "indicam precisamente o contrário, que o Presidente Trump sabia perfeitamente que Flynn era alvo de uma investigação da procuradoria" por causa desses contactos com Kislyak.