A Área Metropolitana do Porto avança com criação de uma Estratégia para os sem-abrigo. O processo arranca no início do próximo ano.
O presidente da Área Metropolitana do Porto (AMP), Eduardo Vítor Rodrigues confirmou à Renascença que a iniciativa vai ser integrada “no Plano de Ação para as Comunidades Desfavorecidas da Área Metropolitana, e tornar-se-á uma das prioridades de 2023”.
O autarca de Vila Nova de Gaia revela que os municípios “têm sentido esta pressão do ponto de vista ético, do ponto de vista humanista” e sentem também que “têm um papel a assumir; não digo que seja um papel a assumir para resolver, mas pelo menos para dar o pontapé de saída no diagnóstico, na compreensão do problema, que não é apenas da cidade do Porto, como às vezes se pensa”.
Para Eduardo Vítor Rodrigues, é fundamental “a criação de uma energia entre todos os municípios para podermos dar respostas, seja através de casas abrigo, seja através de residências partilhadas”.
O autarca quer envolver “toda a região e nomeadamente a Universidade”, e revela que a definição da estratégia será uma das prioridades da AMP “no início de 2023”, pois “temos previsto no âmbito do processo do acordo do Plano de Ação para as Comunidades Desfavorecidas da Área Metropolitana”.
"É preciso entender o fenómeno e dar-lhe uma resposta"
Eduardo Vitor Rodrigues reconhece que o problema tem maior dimensão nas grandes cidades, mas defende que é necessário olhar para o problema de forma integrada.
“É verdade que é um fenómeno que se concentra um bocadinho mais na Área Urbana, mas é bom lembrar que nós temos municípios intermédios e mais do interior onde o problema dos sem-abrigo muitas vezes está dissimulado com modelos de isolamento em situações altamente precárias que não é priori amente viver no jardim publico, mas é viver num pequeno contentor ou num pequeno anexo de uma residência”, sublinha.
Eduardo Vítor Rodrigues afirma que “há de facto situações muito heterogéneas, embora a malha urbana tenha revelado uma situação mais evidente”.
Os últimos números conhecidos sobre este problema apontavam para a existência de 730 pessoas em situação de sem-abrigo na cidade do Porto. Para o autarca socialista de Gaia, “a Câmara do Porto tem feito um excelente trabalho a este nível, mas não tem a força suficiente para reverter um processo destes e é por isso que eu acho que do ponto de vista metropolitano o assunto tem que ser tratado, até porque muitos dos sem-abrigo que acabam por cair no Porto, em Gaia ou em Matosinhos veem de outros concelhos”.
“Portanto é preciso entender o fenómeno e dar-lhe uma resposta”, remata.