Diretor da CIA em reunião secreta com líder talibã
24-08-2021 - 13:39
 • Lusa

William Burns foi a Cabul conversar com o mullah Abdul Ghani Baradar, numa altura em que decorre a atribulada retirada do Afeganistão.

O diretor da CIA, William Burns, manteve um encontro secreto em Cabul, na segunda-feira, com o cofundador do movimento talibã Abdul Ghani Baradar, avançou esta terça-feira o jornal "Washington Post".

A decisão do Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de enviar William Burns - frequentemente apresentado como o seu diplomata mais experiente - a Cabul ilustra a gravidade da crise no Afeganistão para o seu Governo, perante o cenário de retirada confusa da capital afegã de milhares de norte-americanos e afegãos.

Burns reuniu com o mullah Abdul Ghani Baradar, que chefiou a delegação negocial dos talibãs no Qatar e que se tornou o novo homem-forte do regime que tomou o poder em Cabul.

O "Washington Post" não revelou o conteúdo das negociações entre o líder talibã e o chefe da CIA, mas é provável que girassem em torno do atraso das evacuações do aeroporto da capital afegã, onde milhares de pessoas, aterrorizadas pelo regresso ao poder dos islâmicos, ainda permanecem esperançados em conseguir um voo para fora de fronteiras.


Hoje, os norte-americanos intensificaram os seus esforços para retirar esses milhares de afegãos e estrangeiros de Cabul o mais rapidamente possível, depois de os talibãs terem avisado que deixariam de tolerar essas operações por mais de uma semana.

Uma cimeira virtual do G7 fará hoje um balanço das operações de evacuação.


Os talibãs conquistaram Cabul no dia 15 de agosto, concluindo uma ofensiva iniciada em maio, quando começou a retirada das forças militares norte-americanas e da NATO.

As forças internacionais estavam no país desde 2001, no âmbito da ofensiva liderada pelos Estados Unidos contra o regime extremista (1996-2001), que acolhia no seu território o líder da Al-Qaida, Osama bin Laden, principal responsável pelos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.

A tomada da capital põe fim a uma presença militar estrangeira de 20 anos no Afeganistão, dos Estados Unidos e dos seus aliados na NATO, incluindo Portugal.