Terroristas queriam atacar a Sagrada Família em Barcelona
22-08-2017 - 16:06

Os suspeitos ouvidos em tribunal revelaram um plano de maior escala que envolvia muitos monumentos da cidade.

Mohammed Houli Chemlal, um dos terroristas ferido na casa de Alcanar, em Tarragona, na noite anterior aos ataques de Barcelona e Cambrils, afirmou em tribunal que o plano da célula terrorista era atacar a Sagrada Família e outros monumentos da capital da Catalunha. A informação está a ser veiculada pelo jornal espanhol "El Mundo".

A Catalunha foi palco de um duplo atentado terrorista, na quinta-feira. Em Barcelona, 13 pessoas, entre as quais duas portuguesas, morreram atropeladas por uma carrinha e mais de 100 pessoas ficaram feridas. Horas mais tarde, em Cambrils, um veículo subiu o passeio da marginal e atropelou várias pessoas antes de embater numa viatura policial. Este ataque matou uma pessoa e feriu outras 15. Esta segunda-feira, o número de vítimas dos ataques subiu para 15.

Os planos de um ataque maior, que já tinham sido ventilados, foram confirmados no interrogatório desta terça-feira perante o juiz do caso, Fernando Andreu.

Durante quase 1h20, Houli Chemlal, de 21 anos, residente em Melilla, repetiu as informações que forneceu à polícia quando foi preso, confirmando assim que a célula terrorista a que pertencia estava a preparar ataques de "grande dimensão", como já tinha revelado o responsável máximo da polícia de Barcelona, Josep Lluís Trapero.

Os investigadores já tinham alertado que os terroristas estavam a manipular material muito sensível para fazer bombas no momento em que a explosão ocorreu na casa de Alcanar. Trapero informou logo que os ataques em Barcelona e Cambrils foram uma alternativa "desesperada" depois de o plano inicial, que foi preparado durante meses, falhar.

O presidente da câmara e o responsável policial de Barcelona revelaram, numa das conferências de imprensa diárias, que o grupo estava a financiar a produção de bombas com a venda de jóias.

O procurador público pediu prisão preventiva para Houli Chemlal, mas o advogado de defesa solicitou a libertação com medidas cautelares. A decisão do juiz será conhecida quando os interrogatórios do resto dos detidos forem concluídos.

O "El Mundo" avança que os interrogatórios deverão ficar concluídos esta terça-feira. O juiz Andreu e os procuradores Dolores Delgado e Ana Noé tiveram cinco horas para ler a acusação antes de os detidos serem ouvidos.