As vacinas da Meningite B para todas as crianças e do vírus do papiloma humano para rapazes, incluídas no Programa Nacional de Vacinação (PNV) em 2020, representaram um aumento de cerca de 124.000 doses administradas no ano passado.
De acordo com o boletim com a avaliação do PNV em 2020, divulgado nesta sexta-feira, entre outubro (quando foram incluídas) e dezembro do ano passado, foram administradas cerca de 34.000 primeiras doses da vacina contra o HPV a rapazes e cerca de 90.000 doses da vacina contra a contra a meningite B a crianças menores de dois anos de idade.
"Apesar da pandemia, apesar de dois milhões de vacinações contra a gripe, apesar de tudo, ainda se fez mais 90.000 contra a doença meningocócica B e mais 34.000 contra o HPV em rapazes. Consideramos que foi muito bom", disse à agência Lusa Teresa Fernandes, diretora do PNV.
"O nosso PNV já era forte e continua forte como dantes (...) [a pandemia] foi uma prova de fogo muito grande", acrescentou.
Tanto a vacina contra o vírus do papiloma humano (HPV) como a administração da vacina contra a Meningite B a todas as crianças nascidas a partir de 2019 (era apenas para grupos de risco) passaram a incluir o PNV no ano passado e a sua administração arrancou em outubro. No caso da do HPV nos rapazes, abrange os nascidos a partir de 2009.
"As coortes abrangidas por estas vacinas continuarão a ser vacinadas durante o ano de 2021 e seguintes", esclarece o boletim de 2020 do PNV, divulgado nesta sexta-feira.
HPV com alterações para as raparigas
O documento tem igualmente dados relativos à administração da vacina contra infeções por HPV nas raparigas, que está no PNV desde 2008, mas já sofreu alterações na idade recomendada, que era dos 10 aos 13 anos (entre outubro de 2014 e dezembro de 2016) e passou a ser aos 10 anos de idade (janeiro 2017).
Os grupos (coortes) em análise iniciaram a vacinação entre o ano de 2016 e o de 2019 (que completaram, em 2020, com 11 a 14 anos de idade). Neste período, houve alteração da idade recomendada para início da vacinação: entre outubro de 2014 e dezembro de 2016 era aos 10-13 anos.
Segundo o boletim, todas as coortes analisadas atingiram uma cobertura vacinal superior ou igual a 92% para a 1.ª dose da vacina contra o HPV. Para a 2.ª dose, só o grupo das nascidas em 2009 (vacinação ainda em curso) não atingiu a meta dos 85%.
A partir dos 12 anos de idade (coorte de 2008 e anteriores), 91% a 95% das raparigas já completou o esquema recomendado, acrescenta o documento.
Outras alterações no PNV
Além da inclusão da vacina contra o HPV nos rapazes e da vacina contra a Meningite B, o PNV sofreu outras alterações, entre elas a inclusão da vacina contra o rotavírus, o principal causador de gastroenterites em crianças, que é aplicada a grupos de risco.
Foram ainda feitas alterações na vacinação contra o tétano e difteria nas mulheres em idade fértil, que passaram a fazer um esquema mínimo de três doses.
A vacina contra o vírus influenza B, o esquema de recurso iniciado a partir dos 12 meses de idade passou a ser de dose única e, na da pneumonia (streptococcus pneumoniae), as crianças que iniciam o esquema antes dos seis meses de idade, passaram a poder fazer o reforço a partir dos 11 meses de idade.
No caso da vacina contra o sarampo, papeira e rubéola (VASPR), o intervalo recomendado entre as duas doses passou a ser de seis meses aos viajantes nascidos em 1970 e daí para a frente recomendam-se agora duas doses de vacina contra o sarampo. Aos profissionais de saúde também passaram a ser recomendadas duas doses desta vacina.
Entre as alterações ao PNV está ainda a gratuitidade da vacina contra a hepatite B para todos os profissionais do Sistema de Saúde, desde que não tenham funções estritamente administrativas.
Na vacina da BCG, passou a ser recomendada a vacinação de grupos de risco na maternidade, para os recém-nascidos identificados aquando do nascimento.