Em Moçambique, as chuvas torrenciais dos últimos dias e a subida das bacias hidrográficas já obrigaram à evacuação de inúmeras localidades, na região de Sofala.
De acordo com os números oficiais, cerca de 700 famílias, totalizando umas quatro mil pessoas, tiveram que ser transferidas das suas casas para centros de acolhimento.
Contactado este sábado de manhã pela Renascença, o diretor do Centro de Saúde de Estaquinha, na zona de Búzi – uma das mais afetadas há um ano pela passagem do ciclone Idai – admite que haverá muitos desalojados.
“No Búzi as águas já entraram na vila sede do distrito, mas ainda pouco a pouco. Neste momento não está a chover, mas as águas ainda estão a subir. Presume-se que haja muitos desalojados, porque perdemos o contacto com algumas povoações. Mesmo entre a cidade da Beira e Búzi não há acesso, só de avião”, explica Xadreque Marisan.
O jornalista Arão Cuambe, que acompanha a situação desde Maputo, diz que a situação é grave, mas ainda assim não se pode comparar com a tragédia que se abateu sobre a mesma região em 2019.
“A região mais afetada é a de Nhamatanda, que fica a cerca de 100 quilómetros da cidade da Beira e é nesta região que chove torrencialmente. As autoridades têm canalizado ajuda humanitária para minimizar os efeitos da chuva na província de Sofala”, diz.
“Esta semana a diretora geral do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades Naturais esteve na região para confortar as famílias que neste momento ficaram sem os seus haveres. São famílias que perderam extensas áreas de cultivo, para o seu sustento. A situação é muito grave. Estas pessoas ainda se ressentem do Idai, mas não se pode comparar os efeitos destas chuvas com o Idai, tendo em conta que o Idai teve chuvas fortes acompanhadas de ventos, que também destruíram muita coisa. Não se pode comparar”, conclui.
O ciclone Idai afetou milhares de pessoas no centro de Moçambique e, de acordo com números oficiais, matou 700 pessoas.