Abusos na Igreja. Patriarcado de Lisboa promete agir com "transparência total" e "tolerância zero"
05-03-2023 - 17:12
 • Sandra Afonso , Ângela Roque , Pedro Valente Lima

Garantia deixada pelo bispo auxiliar de Lisboa, D. Américo Aguiar, que sublinha a prioridade a dar "às vítimas e ao seu sofrimento".

O Patriarcado de Lisboa vai dar prioridade total às vítimas de abuso e agir com "transparência total" e "tolerância zero", como pede o Papa, garantiu D. Américo Aguiar este domingo.

“A transparência total e a tolerância zero é o grito do Papa Francisco, e naquilo que diz respeito ao Patriarcado, nos próximos dias vamos agir em conformidade com isto”, assegurou o bispo auxiliar de Lisboa e presidente da Comissão Diocesana de Proteção de Menores e Adultos Vulneráveis.

Em declarações na igreja de S. Roque, antes do início da procissão do Senhor dos Passos - que hoje percorreu as ruas de Lisboa - D. Américo disse, ainda, não conhecer a lista de alegados abusadores no ativo, que foi entregue na sexta-feira à Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) pela Comissão Independente, mas garantiu que será analisada nos "próximos dias".

"Eu ainda não conheço os nomes, não conheço a lista. Nos próximos dias, a Comissão Diocesana, o senhor Patriarca e o Ministério Público, vamos trabalhar em conjunto, porque vamos fazer a entrega dessa mesma lista quer à comissão diocesana, quer ao Ministério Público".

“A lista que foi entregue, as denúncias partilhadas, o sofrimento das vítimas e o acompanhamento das mesas (...) tem um lugar principal e prioritário” nas ações do Patriarcado, que brevemente “vai partilhar com todos o que vai fazer", adiantou ainda.

"Cada pessoa será colocada mediante o que o quadro legal, civil e canónico a coloca. Da nossa parte, a prioridade são as vítimas e o seu sofrimento”, reafirmou.

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Se foi vítima de abuso ou conhece quem possa ter sido, não está sozinho e há vários organismos de apoio às vítimas a que pode recorrer:

- Serviço de Escuta dos Jesuítas , um “espaço seguro destinado a acolher, escutar e apoiar pessoas que possam ter sido vítimas de abusos sexuais nas instituições da Companhia de Jesus.

Telefone: 217 543 085 (2ª a 6ª, das 9h30 às 18h) | E-mail: escutar@jesuitas.pt | Morada: Estrada da Torre, 26, 1750-296 Lisboa

- Rede Care , projeto da APAV, Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, que “apoia crianças e jovens vítimas de violência sexual de forma especializada, bem como as suas famílias e amigos/as”.

Com presença em Lisboa, Porto, Coimbra, Braga, Setúbal, Santarém, Algarve, Alentejo, Madeira e Açores.

Telefone: 22 550 29 57 | Linha gratuita de Apoio à Vítima: 116 006 | E-mail: care@apav.pt

- Comissões Diocesanas para a Protecção de Menores . São 21 e foram criadas pela Conferência Episcopal Portuguesa.

São constituídas por especialistas de várias áreas, recolhem denúncias e dão “orientações no campo da prevenção de abusos”.

Podem ser contactadas por telefone, correio ou email.

Para apoiar organizações católicas que trabalham com crianças:

- Projeto Cuidar , do CEPCEP, Centro de Estudos da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica

Se pretende partilhar o seu caso com a Renascença, pode contactar-nos de forma sigilosa, através do email: partilha@rr.pt