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O ministro do Ensino Superior defende a necessidade de “dar a volta às praxes” com mais “cultura e ciência”. A Federação Académica de Lisboa (FAL) recusa praticar praxes vigiadas.
Em reacção a um estudo conhecido esta segunda-feira, o ministro Manuel Heitor considera que é necessário “dar a volta às praxes”. Na integração dos estudantes, devem ser incluídos mais momentos culturais e científicos e acabar com a humilhação como tradição académica.
Manuel Heitor também alerta para o problema do “financiamento da indústria de bebidas alcoólicas a algumas destas praxes”, lembrando que o financiamento público a associações académicas "está totalmente regulado".
O ministro do Ensino Superior afirma que o estudo divulgado esta segunda-feira “mostra que as praxes estão enraizadas e que, por isso, temos que valorizar”.
Os investigadores defendem praxes prudentes e ponderadas. Por esta razão, sugerem que o Governo elabore um relatório anual nacional com base na informação recolhida nas várias instituições. O objectivo é encontrar soluções para os casos e problemas mais graves que forem verificados.
O estudo “A Praxe como Fenómeno Social”, promovido pela Direcção-Geral do Ensino Superior, aponta também para o dever do Governo acompanhar juridicamente os estudantes, que pretendam denunciar situações já consideradas crime, isentando-os de contas judiciais. Uma linha gratuita de apoio à vítima é igualmente sugerida.
Federação Académica de Lisboa rejeita praxes legisladas
O presidente da Federação Académica de Lisboa, João Rodrigues, recusa o “policiamento ou legislação” da praxe académica.
João Rodrigues, que esteve reunido com o ministro do Ensino Superior, defende que a praxe, como prática entre estudantes, não poderá nem ser legislada nem abusiva, alertando que as instituições devem contribuir para a sensibilização dos estudantes a praticarem praxes integrativas.
Em relação à inclusão de iniciativas de carácter cultural, científico e até desportivo, João Rodrigues concorda com o ministro do Ensino Superior, tendo sugerido a organização de “iniciativas, paralelas à praxe académica, onde estudantes que não se revejam neste modelo possam ter na sua plenitude modelos de integração”.
João Rodrigues contestou ainda um ponto apresentado no relatório, segundo o qual o Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ) está a ser usado como fonte de financiamento pública a actividades de praxe desenvolvidas por associações e federações académicas.
"Ao nível da academia de Lisboa esta prática não é de todo recorrente, são raros os exemplos em que isso acontece", disse.
Para o presidente da FAL, que disse ter tido a concordância do ministro na reunião desta segunda-feira sobre este ponto, "não deverá haver uma caça às bruxas neste momento ao financiamento das associações académicas".
"O financiamento já por si é reduzido para a panóplia de actividades que o associativismo tem. O que deverá haver é uma consciencialização de que esse financiamento deverá servir para actividades de cariz cultural, desportivo", afirmou.