Dezenas de imigrantes ilegais que se encontram em situação de asilo há mais de três anos nos Estados Unidos estão agora a ponderar sair e, em alguns casos, voltar para as suas famílias, depois de o novo Presidente Joe Biden ter assinado um decreto que suspende a deportação de imigrantes em quase todas as situações.
As autoridades americanas levaram a cabo uma onda de deportações de imigrantes ilegais, incluindo muitos que estavam nos Estados Unidos há dezenas de anos e que já tinham constituído família no país.
Muitos optaram por pedir asilo em igrejas, onde as autoridades raramente faziam rusgas e há dezenas de pessoas que estão a viver há mais de três anos naqueles locais.
Um exemplo é José Chicas, natural do El Salvador, que pediu asilo numa Igreja Batista na Carolina do Norte. Chicas vive nos Estados Unidos desde os 20 anos, é casado com uma cidadã americana e tem filhos que já nasceram no país. Chicas tem um passado de alcoolismo e de violência doméstica, mas desde essa altura deu mostras de dar a volta à sua vida e tornou-se pastor de uma comunidade evangélica na cidade de Raleigh, onde vive.
Não obstante, ele fazia parte do grupo de imigrantes ilegais, ou indocumentados, que estava sujeito a ser expulso do país. Para evitar esta situação, pediu asilo numa Igreja em Durham, perto de Raleigh, há três anos e meio, segundo a agência americana independente Religion News Agency (RNS).
Agora tudo mudou, uma vez que Joe Biden assinou um decreto logo nos primeiros dias da sua Presidência, que suspende a esmagadora maioria das deportações, com exceção para casos de terrorismo ou de ameaça à segurança nacional.
José Chicas já tomou a decisão de regressar à sua família mas muitos outros estão ainda cautelosos, embora otimistas, e aguardam indicações dos seus advogados para saber se será mesmo seguro sair. Para estes, pesa o historial da agência que lida com a imigração ilegal, ICE, que tem fama de ter enganado muitos imigrantes para os conseguir deter e expulsar do país, por exemplo, convidando imigrantes ilegais para ir a entrevistas na sua sede, supostamente para discutir a sua situação, mas detendo-os à chegada e deportando-os de seguida.
Entre os cautelosos está Juana Luz Tobar Ortega, uma avó de origem guatemalteca, que está a viver na Igreja Episcopal de Greensboro desde maio de 2017 para evitar ser deportada para longe da sua família.
O responsável da Igreja, Randall Keeney, habituou-se à presença da sua inquilina, mas mostr-se contente com a perspetiva de ela poder ir para casa. “Acho que seria a melhor coisa do mundo. Ela tem sido espetacular por aguentar viver nesta situação há mais de três anos”, diz, em declarações à RNS.
Segundo orgnizações que trabalham no apoio jurídico e material a estas pessoas, há cerca de 40 pessoas nesta situação nos Estados Unidos.