O novo curso de Comandos, que começa esta sexta-feira, 7 de Abril, vai ter mais médicos de serviço. A informação é avançada à Renascença pelo porta-voz do Exército.
Em declarações ao programa Carla Rocha – Manhã da Renascença, o tenente-coronel Vicente Pereira revela que vão passar a ser quatro os clínicos a acompanhar em permanência o curso, quando até agora eram dois. Já nas provas de maior risco, o pessoal médico e de enfermagem também será reforçado.
"Deixamos de ter apenas dois médicos durante todo o curso e passamos a ter quatro mas são identificadas as provas de maior esforço ou de maior risco. Nesses casos o Exército compromete-se a naquele dia para além dos quatro médicos que fazem parte do curso e que acompanham o curso naquelas provas de maior risco vai estar mais pessoal – enfermeiros e médicos”, detalha Vicente Pereira.
Estas são algumas das novidades do curso 128º, após os incidentes registados no anterior. Em Setembro de 2016, no decorrer do 127º morreram dois militares na sequência de um golpe de calor. O curso registou também o maior número de desistências dos últimos quatro, com 27 dos 67 formandos iniciais a decidirem abandonar a formação.
Outra novidade está relacionada com o processo clínico dos candidatos. O porta-voz do Exército garante que foram introduzidos mecanismos para melhorar a circulação de informação clínica sobre os candidatos, oriundo, por exemplo, do Hospital das Forças Armadas.
Nesta entrevista, Vicente Pereira reiterou que as rações de água vão ser reforçadas. “Para garantir que o formado possa beber água quando tem realmente sede, o que será distribuído aos formandos, para além de um cantil de água - que já era do seu equipamento - passa a ser distribuído também um daqueles reservatórios de água, mais conhecido como ‘camelbak’. Portanto, aumentámos o número de dispositivos que o formando tem consigo para a qualquer momento beber água. Não há qualquer restrição de consumo de água durante o curso”, revelou à Renascença noutra ocasião.
Mas existem outras mudanças previstas: todos os instrutores serão diferentes e vão ter formação específica para detectar sintomas de excesso de esforço.
O processo sobre a morte dos recrutas dos comandos Hugo Abreu e Dylan Araújo Silva tem agora 18 arguidos, faltando ainda ouvir o tenente-coronel Mário Maia, director do curso e destacado em missão em Angola, que informou o Ministério Público estar apenas disponível para vir a Portugal em Junho.
Ao que a Renascença apurou, há 106 candidatos ao 128º curso.
Cinco documentos enquadram o novo curso
O primeiro estabelece o certificado de controlo do curso. O segundo fixa a proposta e a fundamentação, definindo a duração, o regime de prestação de serviço, os pré-requisitos, os fundamentos para a exclusão e os requisitos para os formadores, nomeadamente técnico-científicos e pedagógicos.
O terceiro documento define o perfil profissional dos formandos e as funções que aqueles que concluam o curso com sucesso podem vir a assumir e o quarto documento especifica as necessidades de formação face aos perfis profissionais.
Por último, o Referencial aprovado pelo CEME fixa o "perfil da avaliação", que permitirá avaliar as expectativas e o desempenho de todos os intervenientes directos no processo de formação.
O relatório da Inspecção Técnica Extraordinária, concluída a 5 de Dezembro, tinha detectado dificuldades na actualização do Referencial do curso, atribuindo o atraso em parte à falta de militares com competências para o efeito.