O secretário-geral da NATO defendeu esta terça-feira que a Ucrânia irá tornar-se membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), mas apenas a "longo prazo".
"Os países da NATO concordam que a Ucrânia se torne membro da Aliança, mas, ao mesmo tempo, é uma perspetiva a longo prazo", afirmou Stoltenberg durante uma visita à Finlândia, apelando à construção de um "quadro estratégico" para evitar qualquer nova invasão no futuro.
A Ucrânia, invadida militarmente pela Rússia a 24 de fevereiro de 2022, apediu que a entrada na Aliança Atlântica fosse acelerada para poder fazer face ao exército russo.
Moscovo considera a entrada da Ucrânia na NATO como uma "linha vermelha absoluta", argumentando com o risco de tal integração para tentar justificar a ofensiva em solo ucraniano.
"A questão agora é garantir que a Ucrânia permaneça como nação independente e soberana e, para isso, devemos apoiar a Ucrânia. A guerra do Presidente [da Rússia, Vladimir] Putin na Ucrânia continua e não há sinal de que esteja a mudar de planos, pois quer controlar a Ucrânia e não está a preparar-se para a paz, mas para mais guerra", disse Stoltenberg à imprensa.
"Também precisamos de encontrar quadros que garantam que o Presidente Putin e a Rússia não invadam a Ucrânia novamente", insistiu o secretário-geral da NATO, ladeado pela primeira-ministra finlandesa, Sanna Marin.
Para Stoltenberg, "chegou também o momento" de Ancara e Budapeste ratificarem a adesão da Finlândia e da Suécia à NATO.
A Turquia e a Hungria são os únicos dos 30 Estados membros da NATO que não validaram a adesão dos dois países nórdicos que querem acabar com décadas de neutralidade e de envolvimento em alianças militares por causa da invasão da Ucrânia.
"Tanto a Finlândia como a Suécia alcançaram o que prometeram no acordo trilateral com a Turquia em junho passado em Madrid", insistiu Stoltenberg.
Ancara bloqueia sobretudo a adesão da Suécia e planeia ratificar apenas a entrada da Finlândia sozinha. Para a Hungria, que deve ratificar a adesão sueca e finlandesa em março, disse esperar que haja 'luz verde' "rapidamente".
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de oito milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Neste momento, pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão, justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia, foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para Kiev e com a imposição de sanções políticas e económicas a Moscovo.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 8.101 civis mortos e 13.479 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.