Como a Renascença tinha já anunciado, a Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP) vai receber as listas de alegados abusadores durante a sua assembleia-geral, que tem início esta quinta-feira, em Fátima.
Em comunicado a CIRP confirma que será o presidente da ex-Comissão Independente, Pedro Strecht, a entregar a informação sobre os “alegados abusadores identificados nos Institutos de Vida Consagrada”, dando assim “seguimento ao que estava previsto desde o passado dia 3 de março”, data em que as dioceses receberam as listas com os nomes de suspeitos.
“A informação será entregue, em envelope fechado, ao Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, entidade que pediu o estudo histórico da realidade dos abusos de menores na Igreja Católica em Portugal. De seguida, cada um dos Superiores Maiores cujo Instituto Religioso foi identificado no estudo da ex-Comissão Independente receberá o respetivo envelope”, esclarece o comunicado, que adianta que “a CIRP emitirá, assim que possível, um comunicado sobre o tema”, refere o comunicado.
Nesta assembleia-geral - ao que tudo indica no último dia de trabalhos, sexta-feira - serão eleitos os novos representantes da Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal, que é atualmente presidida pela irmã Graça Guedes, tendo como vice-presidente o padre Pedro Fernandes.
Em entrevista recente à Renascença, o provincial dos espiritanos explicou que o Grupo de Investigação Histórica (da Comissão Independente) precisou de mais dias para tratar os dados. “Tanto quanto sei, não foi possível acabar tudo ao mesmo tempo”.
Pedro Fernandes disse que houve um “trabalho sério” por parte da CI, mas acrescentou: “da nossa parte também”. E embora tenha admitido que há “expectativa” em relação às listas e aos casos – nos Espiritanos há registo de pelo menos dois -, garantiu que na CIRP há “total sintonia” para a aplicação das orientações do Papa, que são “muito claras” quanto ao “afastamento cautelar” dos suspeitos. “É preciso enfrentar isto com assertividade, com muito respeito pelas vítimas e com muita determinação, para tomar todas as medidas necessárias”, sublinhou.
Pedro Fernandes referiu, ainda, que o respeito pelas vítimas exige “prontidão” e “clareza” nas respostas, e que não se pode fugir à responsabilidade de indemnizar. “O que aconteceu debaixo do teto da Igreja, a Igreja tem de assumir”, afirmou.