O presidente do Conselho de Administração da TAP Air Portugal, Manuel Beja, demitido esta segunda-feira, afirma que agiu de "boa-fé" e que a tutela autorizou a saída de Alexandra Reis.
Numa mensagem através da rede social LinkedIn, Manuel Beja diz que tentou evitar a saída de Alexandra Reis, mas sem sucesso e que o caso revela problemas de gestão na empresa.
"Esta saída, que tentei sem sucesso evitar, reflete problemas de governança na empresa. No entanto, foi aprovada pelo acionista, nesta matéria representado pela tutela setorial. A partir do momento em que essa indicação foi dada pelo representante do acionista, numa matéria que é da exclusiva responsabilidade deste, entendi que era minha responsabilidade fiduciária, como PCA, dar-lhe sequência, tendo presente a racionalidade económica apresentada e a legalidade confirmada pela sociedade de advogados contratada para o efeito, através da Presidente da Comissão Executiva", detalha.
"Foi assim, de boa-fé e segundo a instrução da tutela, que cumpri o meu dever de lealdade na implementação de uma decisão (a composição do CA) que é legitimamente tomada pelo acionista", acusa Manuel Beja, concluindo que "é agora claro" que "o conselho jurídico recebido e executado de boa-fé teve erros".
O ex-presidente do Conselho de Administração refere ainda não ter "analisado o relatório final da IGF" e que manteve o silêncio por "dever institucional, e por entender que, como Presidente do Conselho de Administração (PCA)", deveria reservar a sua "intervenção para os espaços próprios", contudo, justifica "os desenvolvimentos conhecidos levam-me a tomar uma posição pública sobre a saída da TAP da ex-administradora Alexandra Reis."
O ministro das Finanças, Fernando Medina, anunciou esta segunda-feira o afastamento de Christine Ourmières-Widener de diretora executiva da TAP, bem como de Manuel Beja, presidente do conselho de administração da companhia aérea.
De acordo com Fernando Medina, o Estado invoca justa causa e não vai indemnizar Christine Ourmières-Widener e Manuel Beja, que foram agora exonerados da companhia aérea.
"Era essencial virar a página na gestão da empresa que recupere laços de confiança da TAP com o país, que devolva sobriedade às práticas da empresa, que prossiga à aplicação do plano de reestruturação de forma eficaz tendo em vista a concretização bem sucedida da privatização", declarou Fernando Medina, em conferência de imprensa.
As demissões acontecem na sequência da indemnização de 500 mil euros paga pela TAP a Alexandra Reis. A ex-gestora terá de devolver 450 mil euros, indica a Inspeção-Geral de Finanças.