A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) alerta para novos ataques à Igreja Católica na Nicarágua, indicando que nos últimos dias foram detidos pelo menos três sacerdotes, congeladas as contas bancárias em algumas dioceses, e profanada uma capela em honra de Nossa Senhora de Fátima.
Há duas semanas, o Governo tinha dissolvido, juridicamente, a Universidade Católica de Manágua, responsável pela formação filosófica e teológica dos seminaristas, não só locais, mas também de várias Igrejas da América Central.
De acordo com o portal de notícias do Vaticano, que cita meios de comunicação locais, os três sacerdotes “foram detidos para investigação”, já as contas bancárias de algumas dioceses “foram congeladas sob a acusação de branqueamento de capitais”.
Segundo a AIS, a Polícia Nacional disse em comunicado que foram iniciadas “investigações que levaram à descoberta de centenas de milhares de dólares escondidos em sacos localizados em instalações pertencentes às dioceses do país”.
Segundo o Vatican News, estas ações estão a causar “prejuízos à ação evangelizadora das instituições eclesiásticas”.
Também os templos religiosos não escapam à perseguição e são constantemente profanados.
O mais recente ataque ocorreu na madrugada de quarta-feira, dia 24 de maio. Desconhecidos profanaram a capela de Nossa Senhora de Fátima de Campuzano, pertencente à paróquia de Santa Ana de Nindirí, em Masaya, forçando a porta, retirando o sacrário e “ultrajando as hóstias sagradas”, espalhando-as numa propriedade situada na zona.
No entanto - diz a AIS - a comunidade católica local não se deixou intimidar perante mais este ataque à Igreja, indicando que logo no dia seguinte à profanação do templo “foi celebrada uma missa como ato de reparação e num comunicado publicado na página da paróquia nas redes sociais, pode ler-se que nada demoverá a fé da população”.
“Podem profanar os nossos templos, quebrar as nossas imagens, mas a nossa fé continua sempre em Jesus Cristo que fez o céu e a terra. Viva Jesus sacramentado”, refere o texto, citado pela AIS.
Este ataque é apenas um exemplo dos mais de meio milhar de incidentes ocorridos na Nicarágua desde abril de 2018 da responsabilidade do regime liderado por Daniel Ortega.
Segundo o relatório elaborado pela investigadora Martha Molina, que também está no exílio, ocorreram no referido período pelo menos 529 ataques, de que se destaca, até ao momento, um bispo na prisão, 37 padres exilados, 32 religiosas expulsas do país, o confisco de pelo menos sete edifícios da Igreja, nomeadamente um convento, e o encerramento de diversos meios de comunicação social católicos, incluindo rádios e televisão.