Depois de um mandato marcado pelo assalto aos paios de Tancos, mortes nos comandos e corrução nas messes da Força Aérea, o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, Pina Monteiro, deixa esta quarta-feira o cargo com agradecimentos ao Governo.
No seu discurso após ser condecorado pelo Presidente da República com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo, Pina Monteiro destacou o bom relacionamento com a tutela.
Depois de 47 anos ao serviço das Forças Armadas, Pina Monteiro terminou a vida militar com uma cerimónia no Palácio de Belém, rodeado por antigos chefes militares, políticos, membros da NATO e marcada pela presença do general Ramalho Eanes.
Pina Monteiro aproveitou a ocasião para lembrar todos os que com ele ajudaram a liderar as Forças Armadas e endereçou uma “palavra especial” ao ministro da Defesa, Azeredo Lopes, para destacar "o que foi um permanente e sempre leal relacionamento da tutela com as Forças Armadas".
No dia em que deixa o cargo de CEMGFA por atingir a idade da reforma, Pina Monteiro disse ter vivido "momentos marcantes, uns de sucesso, outros de dificuldade" e "momentos de felicidade e outros de tristeza.
Alguns desses momentos de tristeza foram, certamente, os que se viveram com as mortes nos Comandos, o assalto em Tancos ou o recente memorando com críticas ao ministro da Defesa.
Na sua intervenção, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, preferiu falar em processos difíceis em que chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas ajudou a resolver.
“A ação de vossa excelência foi também primordial no período anterior para a menos turbulenta consecução de processos críticos para a defesa nacional, como a fusão dos hospitais militares, da reforma do ensino militar e da consolidação da transferência do comando conjunto para as operações militares”, lembrou Marcelo Rebelo de Sousa.
Por tudo o que o general Pina Monteiro fez nas Forças Armadas, o Presidente da República condecorou-o com a Grã-Cruz da Ordem de Cristo, reconhecendo a "dedicação" que colocou "ao reforço da afirmação e operacionalidade" das Forças Armadas portuguesas.