Após uma primeira paragem em outubro, os farmacêuticos hospitalares voltam a fazer greve para revindicar a revisão das tabelas salariais e a progressão na carreira. A reportagem da Renascença foi ao Hospital de Santa Maria.
Só uma das cinco ou seis habituais farmacêuticas atendia, esta manhã, quem recorreu à farmácia desta unidade.
Antes da abertura, às 9h00, e protegidos da chuva debaixo de um alpendre que se estende até à entrada das análises clínicas, repleta de utentes, já perto de 25 pessoas aguardavam, em fila, pela sua vez. E destas, algumas saíram depois de informadas por um dos elementos da empresa de segurança privada do hospital que, tendo medicação para hoje e amanhã, não lhes seriam dispensados mais medicamentos. Só na quinta-feira, depois de terminada a paralisação.
As portas abrem e o primeiro da fila prepara-se para entrar quando é barrado. Um elemento dos serviços prisionais, devidamente fardado, tem prioridade e lá entra, para levar uma lamela com 25 comprimidos para um detido, algures num estabelecimento de Lisboa.
O primeiro da fila lá volta a chegar-se à frente e, mesmo sem tirar a máscara, obrigatória para entrar nos serviços, percebe-se que há um sorriso de satisfação debaixo do retângulo azul de papel.
Cinco minutos depois sai do edifício, já com duas embalagens de medicamentos na mão. Já só volta na próxima semana.
O presidente do Sindicato Nacional dos Farmacêuticos (SNF) disse que estes profissionais estão descontentes e surpreendidos pelo "silêncio do Governo".
"É absolutamente surpreendente o que está a acontecer", disse Henrique Reguengo, sublinhando que, na primeira greve de sempre, em outubro, o sindicato registou 93% de adesão e que, agora, com a falta de contacto do Governo, estes números podem aumentar.