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A deputada do PSD Margarida Balseiro Lopes elegeu o combate à corrupção e a transparência no sistema político como prioridades, num discurso em que sublinhou que a liberdade "é de todos", cumprimentando os dirigentes dos cinco principais partidos.
Na sua intervenção na sessão solene do 25 de Abril na Assembleia da República, a recém-eleita eleita líder da JSD, de 28 anos, lamentou que a política portuguesa esteja cada vez mais fragmentada e com divisões entre "o povo e, eles, os políticos".
"A atividade parlamentar não é um campeonato, onde os nossos ganham ou perdem, e as vitórias de uns são as derrotas de outros. A atividade parlamentar tem de exigir que as pessoas ganhem, que o país ganhe: porque demasiadas vezes, para que os partidos ganhem, são as pessoas que perdem", afirmou.
Considerando que há assuntos em que os políticos não ouvem suficientemente o que o povo reclama, Balseiro Lopes apontou como o mais central "o combate à corrupção e a defesa do Estado e do erário público da captura por interesses particulares".
"Temos de ter a coragem para reformar o sistema político, introduzindo transparência para que sejam conhecidos todos os interesses em causa em todas as decisões tomadas pelos poderes públicos. A transparência tem de ser a regra do funcionamento democrático", defendeu.
Salientando que "o exemplo vem de cima", a deputada defendeu que "a opacidade só serve os prevaricadores, os menos sérios, os corruptos" e promove a generalização de que os políticos "são todos iguais".
"Mas não, não são todos iguais. Não somos todos iguais", disse.
Por essa razão, defendeu, qualquer cidadão deve ter o direito a saber "quem, quando, como e porquê os poderes públicos decidem o que decidem, quanto nos custa hoje e quanto nos custará amanhã".
Margarida Balseiro Lopes defendeu que a liberdade conquistada no 25 de Abril deve ser reconquistada todos os dias e "é de todos", dirigindo depois uma palavra aos cinco líderes dos partidos com assento parlamentar, começando pelo secretário-geral do PCP.
"É do Sr. Deputado Jerónimo de Sousa, que eu aqui cumprimento, que pôde ver o seu partido sair da clandestinidade e entrar num Parlamento eleito pelo povo", apontou.
Para Balseiro Lopes, a liberdade é também da deputada Catarina Martins e coordenadora do BE, que cumprimentou e salientou que, graças ao 25 de Abril, "nunca teve de encenar uma peça censurada a lápis azul".
"É do Sr. Deputado Carlos César e do Partido Socialista, que eu aqui também cumprimento, e que nesse dia puderam ver os seus fundadores regressar a casa", disse, dirigindo-se ao presidente do PS.
Balseiro Lopes estendeu também o cumprimento à deputada e líder do CDS-PP Assunção Cristas, "que pôde ser mãe de família e ter uma vida profissional de sucesso, também por causa desse dia".
"E é do meu partido - o Partido Social Democrata - que, fundado no dealbar da democracia, nunca mais largou o sonho de Reformar Portugal. Para melhor, para amanhã, para futuro. É do Dr. Rui Rio, que aqui cumprimento, e que pôde ser dirigente estudantil em liberdade. Também por causa desse dia", saudou, num discurso que foi aplaudido de pé pelo PSD, e em algumas passagens por deputados do PS e do CDS-PP, mas com vários apartes das bancadas mais à esquerda.
A líder da JSD realçou que o atual regime democrático é fundado "nas revoluções de Abril de 74 e de Novembro de 75" e fez questão de cumprimentar no seu discurso "todos aqueles que lutaram e resistiram a um regime ditatorial".
"Agradecemos, especialmente, aos que quebraram o ciclo da guerra colonial, dando esperança à criança que dizia: "quando for grande, não vou combater!", disse.
Sobre o que falta ainda fazer, Balseiro Lopes lembrou que desde o 25 de Abrl de 1974 passaram 21 governos que "foram cumprindo os desígnios constitucionais de garantir um Estado Social com Saúde, Educação e igualdade de oportunidades para todas as pessoas".
"Nós, os mais novos, temos tido, desde que nascemos, acesso a oportunidades que as gerações anteriores apenas puderam sonhar. Somos, por isso, o produto de um Portugal sonhado", disse, alertando que nem por isso os atuais jovens prescindem de defender essa liberdade.
Entre os desafios futuros, apontou áreas como a educação, saúde, segurança social o combate à precariedade no emprego ou uma cultura "livre e não programada politicamente".
"Um Portugal por fazer na coesão territorial: porque o Portugal a construir tem de ser um país inteiro, não um país dividido. Dividido entre quem vive nas grandes áreas metropolitanas ou no resto do país", afirmou, lembrando as vítimas dos incêndios de 2017.