A diretora do Serviço Diocesano da Pastoral Social dos Açores, Piedade Lalanda, adianta à Renascença que "à revelia do aumento da pobreza, o número de beneficiários do Rendimento Social de Inserção tem diminuído".
A responsável sublinha, por outro lado, que nos Açores "não é apenas o Chega que se manifesta contra" o Rendimento Social de Inserção (RSI)
"O que aconteceu às famílias a quem foi retirado o apoio?", questiona Piedade Lalanda, defendendo que importa saber se essas pessoas “encontraram emprego ou se, pura e simplesmente, foram retiradas por incumprimento do contrato de inserção que está implícito ao RSI".
“Nós não podemos retirar as pessoas dos apoios e deixá-las à deriva", enfatiza.
Piedade Lalanda defende que “tem que haver estratégias para dar a essas pessoas as ferramentas necessárias para voltarem a encontrar um rumo e um objetivo nas suas vidas" e "isso não pode ter cor partidária".
"As pessoas podem ser contra as medidas que estão disponíveis na Segurança Social, mas não podem ser contra a ajuda que as pessoas merecem e que surgem na defesa da sua dignidade”, reforça.
“Um terço da população é pobre”
A Pastoral Social açoriana denuncia, na sua mensagem pascal, a existência de grandes dificuldades e estima que haja “um terço de pessoas pobres no arquipélago”.
"As famílias açorianas ainda são um pouco mais numerosas do que a maioria daquelas que beneficiam do RSI a nível nacional, e o seu nível de escolarização também está bastante abaixo", diz a diretora do Serviço Diocesano da Pastoral Social, apontado as razões que potenciam o fenómeno da pobrza na Região Autónoma.
"O abandono precoce da escola também é maior, o que dificulta o acesso a mercado de trabalho”, acrescenta.
"Há um conjunto de fatores que contribuem para que algumas pessoas necessitem de apoios suplementares para sobreviverem e para fazerem face às suas necessidades básicas”, resume.
“Na ilha de São Miguel, algumas zonas habitacionais são, historicamente, zonas problemáticas, porque estão ligadas a sectores de atividade de baixo rendimento e outras, ainda, porque se transformaram em periferias."
Piedade Lalanda adianta que "as situações de pobreza em que vivem cerca de um terço dos açorianos de todas as faixas etárias devem preocupar todas as comunidades cristãs".
O Serviço Diocesano da Pastoral Social recomenda que se proceda a "um levantamento das famílias que passam por dificuldades para que, com o empenho dos cristãos, se encontrem respostas para satisfação das necessidades básicas e, em conjunto, promovam a sua dignidade e integração social”.