Uma das imagens a perdurar do início da crise epidemiológica é a de que se há um setor que se reinventou para contornar os efeitos da pandemia esse setor foi o têxtil.
No universo do têxtil português – com empresas tão diferentes entre si em dimensão e objetivos – a rápida adaptação, de uma agilidade impressionante, para colocar milhões de máscaras sociais transformou-se num case-study internacional.
Até o Grupo da Competitividade e Crescimento que prepara recomendações para o Conselho Europeu pretendeu ouvir as explicações da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal para este milagre industrial de produzir um produto novo em tempo record.
O setor têxtil português viu também aí a oportunidade de se assumir como ‘cluster’ produtor de artigos para o setor da saúde, um segmento “de futuro” onde várias empresas se estrearam para abastecer o Serviço Nacional de Saúde (SNS) durante a pandemia de covid-19.
De acordo com o presidente da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP), Mário Jorge Machado, foram “muitas dezenas” as empresas têxteis portuguesas que, face à escassez de equipamentos de proteção individual no SNS para lidar com a situação gerada pelo novo coronavírus, “se adaptaram rapidamente” e redirecionaram a atividade para a produção de materiais como máscaras, batas e outros dispositivos médicos.
Esta rápida resposta da indústria nacional acabou por resultar na constituição de um potencial ‘cluster’ nesta área, cujo efetivo desenvolvimento pode representar uma nova área de negócio para o setor têxtil e de vestuário português.
Mas se sem as máscaras o índice das exportações portuguesas ter-se-ia ressentido ainda mais como pode a indústria surpreender o mercado ainda em plena crise? No desafio do futuro onde o único caminho é o da diferenciação como vai o têxtil responder? Como é que se adequa inovação e músculo industrial para o setor produzir alterações na produtividade?
São questões para o engenheiro de polímeros Mário Jorge Machado, líder da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal.
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