O líder da Igreja Ortodoxa russa afirmou que os soldados russos que morrerem na guerra contra a Ucrânia vão ser perdoados de todos os seus pecados.
Conhecido aliado de Vladimir Putin e apoiante da invasão, o patriarca Kirill proferiu estas declarações dias depois de o Presidente ter convocados 300 mil cidadãos na reserva para se unirem às tropas russas na Ucrânia.
"Muitos estão a morrer nos campos da guerra", disse Kirill, de 75 anos, no seu primeiro discurso de domingo desde a ordem de mobilização.
O líder da Igreja Ortodoxa russa lembrou que “a Igreja reza para que esta batalha termine o mais depressa possível”, e para que haja o “menor número possível de irmãos que se matam nesta guerra fratricida".
“Ao mesmo tempo”, prosseguiu, “a Igreja percebe que se alguém, movido pelo sentido do dever e pela necessidade de cumprir o seu juramento, vai cumprir o seu dever, e se uma pessoa morre no cumprimento desse dever, então sem dúvida que cometeu um ato equivalente ao sacrifício”.
“Ter-se-ão sacrificado pelos outros”, acrescenta, logo, “acreditamos que este sacrifício lava todos os pecados que uma pessoa cometeu".
Num documento enviado ao Conselho da União Europeia pelo Alto Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, o patriarca ortodoxo Kirill foi descrito como "um aliado de longa data do presidente Vladimir Putin, que se tornou um dos mais proeminentes apoiantes da agressão militar russa contra a Ucrânia", nomeadamente por ter apoiado a "operação especial de manutenção da paz" russa e a ter classificado como "operação de limpeza religiosa" e ainda por ter "abençoado os soldados russos".
O apoio de Kirill à guerra na Ucrânia criou também um evidente mal-estar entre o ramo russo da Igreja Ortodoxa e outros círculos da Ortodoxia em todo o mundo.
O próprio Papa Francisco, chefe da Igreja Católica, que tem marcado com palavras a sua oposição à guerra, já deixou patente o seu descontentamento pela posição de Kirill.