Veja também:
Um médico foi esfaqueado esta segunda-feira por um doente dentro do hospital de Peniche, no distrito de Leiria, e o agressor foi detido pela PSP, confirmou à agência Lusa a administração do Centro Hospitalar do Oeste.
A presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar do Oeste, Elsa Banza, disse que o doente, quando ia para uma consulta na urgência, viu o médico cirurgião, de 60 anos, na sala de pequenas cirurgias e desferiu-lhe "três facadas na zona das nádegas".
O crime "não foi no âmbito de uma consulta àquele doente", esclareceu.
O médico foi transportado "com ferimentos superficiais" para a urgência de Caldas da Rainha, onde se encontra internado, mas está "estável e não está em risco de vida".
O Centro Hospitalar do Oeste comunicou o crime à PSP, que deteve o suspeito ainda nas instalações hospitalares.
Segundo a administradora, trata-se de um doente com "patologia psiquiátrica" que recorre com frequência ao hospital de Peniche, onde conhece os profissionais de saúde e as instalações.
Elsa Balza afastou qualquer hipótese de falta de segurança naquela unidade hospitalar.
Questionada pela Lusa, a PSP remeteu esclarecimentos para terça-feira.
Ordem diz que agressão a médico é o "espelho da insegurança" no SNS
O bastonário Ordem dos Médicos lamenta a agressão, considerando que é um "espelho da situação de insegurança" que se vive no Serviço Nacional de Saúde (SNS).
"Este caso é o espelho da grave situação de insegurança que se vive no SNS e de um clima de conflitualidade institucional que infelizmente é alimentado pela própria tutela e que não dignifica nem beneficia ninguém", afirma Miguel Guimarães.
O bastonário da Ordem dos Médicos acrescenta que o aumento de casos de agressão contra profissionais de saúde é o "espelho do desinvestimento do Governo no SNS" e da insistência numa política que "cria ambientes de tensão que prejudicam profissionais e utentes".
"Os médicos estão a ser obrigados a cumprir horários desumanos e a dar resposta a um número de doentes que está muito para lá do aceitável e que os coloca em situações de sofrimento ético, com prejuízo para a qualidade e a segurança clínica", frisa Miguel Guimarães.
O bastonário recorda que os dados mais recentes da Direção-Geral da Saúde, referentes a 2018, revelam que no ano passado foram notificados mais de 950 casos de incidentes de violência contra profissionais de saúde, com 2018 a ser ano com mais situações reportadas.
[notícia atualizada às 23h14]