Um incêndio na madrugada de terça-feira, que deflagrou num centro de detenção de migrantes em Ciudad Juárez, na fronteira do México com os Estados Unidos da América, fez pelo menos 39 mortos e 29 feridos, alguns em estado grave.
O acidente foi provocado por alguns dos 68 migrantes detidos, que incendiaram colchões em protesto contra as condições no centro de detenção de migrantes clandestinos.
"Tratou-se de um movimento de protesto. Supomos que souberam que iam ser expulsos, deportados, e que, em protesto, colocaram colchões na porta da receção do centro e atearam-lhes fogo", explicou o Presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, em conferência de imprensa.
Um vídeo divulgado esta quarta-feira, cuja autenticidade já foi confirmada pelo Governo do México, mostra os guardas do Instituto Nacional de Migração do México a abandonarem o local, sem encetarem qualquer tentativa para resgatar os detidos.
Alejandra Corona, representante do Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS), visita as instalações uma vez por semana para monitorizar as condições e confirmou o que as imagens revelam, que a única saída seria pela porta da cela onde os detidos se encontravam.
As vítimas são provenientes da América Central, na sua maioria da Venezuela.
A direção do Instituto Nacional de Migração já reagiu e divulgou um comunicado em que lamenta as mortes no centro de detenção de Ciudad Juárez, anunciando que as "autoridades correspondentes" já estão a investigar o caso.
As tensões entre as autoridades e os migrantes aumentaram nas últimas semanas em Ciudad Juarez, onde os abrigos estão sobrelotados com pessoas à espera de uma oportunidade para passar a fronteira para os EUA.
Dirigentes de mais de 30 abrigos para migrantes e outras organizações de defesa de direitos civis publicaram uma carta aberta, em 9 de março, queixando-se da forma como os migrantes e refugiados estão a ser tratados na fronteira entre o México e os EUA.
Nos últimos anos, à medida que o México intensificou os esforços para conter o fluxo migratório para os EUA, sob pressão da administração norte-americana, a agência de migração mexicana tem procurado encontrar soluções para a falta de condições nos centros de detenção.
O Papa Francisco também já reagiu à tragédia e pediu orações pelas vítimas do “trágico incêndio”.