Os metadados de dois vídeos publicados esta sexta-feira por separatistas pró-russos a anunciar evacuações nas regiões fronteiriças da Ucrânia mostram que os arquivos foram criados há dois dias, confirmou a agência de notícias AP.
No vídeo do líder de Donetsk, Denis Pushilin, este adianta que a Rússia preparou alojamento para deslocados. Pushilin alegou na declaração transmitida no Telegram na tarde desta sexta-feira que o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, ordenaria uma ofensiva iminente na área.
Leonid Pasechnik, líder rebelde de Lugansk, publicou também um vídeo semelhante na sua conta do Telegram esta sexta-feira.
O Telegram retém os metadados que guardam, por padrão, a data em que um arquivo é criado.
As autoridades dos Estados Unidos alegaram que a Rússia planeou uma invasão e disseram que o Kremlin programou vídeos pré-gravados, como parte de uma campanha de desinformação.
O aumento das tensões no leste da Ucrânia esta sexta-feira agravou os receios ocidentais de uma invasão russa e uma nova guerra na Europa.
De acordo com a AP, um atentado à bomba atingiu um carro junto ao principal edifício do governo na cidade ucraniana. O líder das forças separatistas, Denis Sinenkov, disse que o carro era seu, informou a agência de notícias Interfax.
Bombardeamentos e tiroteios são comuns ao longo da linha que separa as forças ucranianas das rebeldes, mas a violência direcionada é pouco usual em cidades controladas por rebeldes como Donetsk.
No entanto, a explosão e as evacuações anunciadas estavam a acontecer de acordo com os avisos dos Estados Unidos sobre os chamados ataques de 'falsa bandeira', que a Rússia usaria para justificar uma invasão.
O Departamento de Estado norte-americano observou que o secretário de Estado Antony Blinken havia alertado sobre "este tipo de operação de 'falsa bandeira'" na quinta-feira no Conselho de Segurança da ONU.
Os separatistas nas regiões de Lugansk e Donetsk, que formam o centro industrial da Ucrânia conhecido como Donbass, disseram que estão a retirar civis dos locais e a encaminhá-los para a Rússia.
O anúncio parece fazer parte dos esforços de Moscovo para combater os avisos do Ocidente de uma invasão russa e culpar a Ucrânia como sendo o agressor.
Denis Pushilin disse que mulheres, crianças e idosos sairão primeiro, e que a Rússia preparou sítios para os acolher.
As autoridades começaram a retirar crianças de um orfanato em Donetsk, e outros moradores embarcaram em autocarros para a Rússia.
Têm-se formado longas filas nos postos de combustível à medida que mais pessoas se preparam para sair por conta própria.