António Tavares garante que as misericórdias sempre “souberam adaptar-se aos tempos e realidades” e assegura que “estão preparadas para responder aos novos desafios da sociedade atual”. E para António Tavares “o desafio do envelhecimento, o desafio da inclusão e o desafio da solidariedade; são nesta altura as grandes linhas de preocupação”.
O Provedor da Misericórdia do Porto reafirma a vontade de “ser parte na construção do Estado Social” e relembra “por exemplo o contributo que as misericórdias deram para a criação do Serviço Nacional da Saúde”. “Foi em cima dos seus hospitais das misericórdias que foi construído o SNS e elas estão disponíveis para continuar a trabalhar com o SNS na melhoria das suas condições”.
Em entrevista à Renascença, o Provedor António Tavares sublinha a importância social das Misericórdias, e diz que “não há muitas instituições em Portugal com um passado dedicado ao serviço de quem mais precisa, como o das misericórdias”.
Quanto aos desafios que a sociedade coloca, António Tavares alerta para “o envelhecimento que vai trazer um problema que é a mudança do paradigma”. Ou seja, “a discussão não pode ser só feita à volta da saúde, mas também tem que englobar a saúde e o aspeto social, como o apoio domiciliário, a permanência das pessoas nas suas habitações, a recusa da institucionalização dos idosos”. “Este é o grande desafio, a que se junta a dificuldade de convívio com o aumento das situações de demência”. “As demências trazem problemas que são muito complexos, como a alzheimer; e trazem também, muita mutação dos nossos comportamentos, e não podemos esquecer que as famílias atuais já não têm tempo para de forma solida receber e cuidar estas pessoas”, acrescenta.
Para celebrar os seus 525 anos, a Misericórdia do Porto organiza no dia 14 de março um Colóquio comemorativo, que irá decorrer no auditório D. Pedro IV, no palacete Araújo Porto. António Tavares revela que será um momento que reunirá “variados especialistas nacionais, das universidades que se dedicam ao estudo destas matérias” “Vamos desenvolver algumas áreas do que é que foi a atuação da Misericórdia ao longo destes 5 séculos de existência. Não há muitas instituições em Portugal que se possam orgulhar desta longevidade”, relata.