Equipa liderada por português descobre mecanismo que atrasa causas do Alzheimer
29-06-2018 - 19:52

A descoberta foi publicada na revista científica “Science Advances”.

Uma equipa internacional liderada pelo investigador Cláudio Gomes, do BioISI - Instituto de Biossistemas e Ciências Integrativas da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, descobriu um novo mecanismo bioquímico nas células nervosas que retarda a formação dos depósitos de agregados de proteína no cérebro, causadores da doença de Alzheimer.

A descoberta, que está publicada na revista científica “Science Advances”, revela que “uma proteína inflamatória de abundante no cérebro e produzida como resposta a danos nas células nervosas pode ter uma nova função e constituir a primeira linha de defesa na supressão da formação de agregados amiloide”.

“A proteína S100B acumula-se junto das placas [depósitos] de amilóide nos cérebros com Alzheimer, e o nosso trabalho revela agora que essa “coincidência” tem uma razão de ser, dado que descobrimos que a proteína S100B interage com a proteína beta-amilóide, atrasando a sua agregação”, explica Joana Cristóvão, estudante de doutoramento e primeira autora do estudo.

“Em estudos com culturas de células observamos que a proteína S100B reverte a toxicidade induzida por agregados da proteína beta-amilóide, o que reforça este novo papel na defesa anti agregação”, continua a jovem investigadora.

A proteína S100B era já bem conhecida pelo seu papel multifuncional em processos de sinalização celular e neuroinflamação, sendo mesmo um biomarcador de lesões cerebrais traumáticas e de envelhecimento – curiosamente, dois fatores de risco da Doença de Alzheimer.

“A nova função que agora evidenciamos para a proteína S100B como regulador da agregação proteica estabelece um novo elo entre dois processos celulares que estão profundamente afetados em várias doenças neurodegenerativas: agregação proteica e neuroinflamação”, elucida o professor Cláudio Gomes, coordenador do estudo.

A investigação foi conduzida no BioISI - Instituto de Biossistemas e Ciências Integrativas da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (Portugal) em colaboração com investigadores do I3S - Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (Portugal), Universidade de Freiburg (Alemanha) e Universidade Técnica de Munique (Alemanha). O estudo foi financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT, Portugal), Fundação Bial (Portugal) e pelo Deutsche Forschungsgemeinschaft (Alemanha).