Apesar de não ter sido a primeira escolha para a Câmara de Gaia, José Cancela Moura diz sentir-se legitimado. Acabou por ser eleito pela distrital do PSD, depois da desistência de António Oliveira, antigo Seleccionador Nacional, primeira escolha de Rui Rio. Era, nas palavras do líder do partido, o "candidato com o perfil adequado", mas abandonou a candidatura, em divergência com o aparelho concelhio social-democrata.
Deputado na Assembleia da República (AR), vereador na autarquia e candidato pela Aliança Democrática (AD) - PSD/CDS/PPM -, Cancela Moura acredita ter condições para reforçar a presença no executivo, neste momento com dois mandatos.
“Temos confiança que as pessoas acreditem no trabalho que temos desenvolvido. E, portanto, sentimo-nos confiantes de que isso poderá, eventualmente, acontecer (a eleição de mais um vereador)”. Cancela Moura lembra, em entrevista à Renascença, que está “absolutamente tranquilo com o caminho que está a ser feito e com os compromissos apresentados aos gaienses”.
“Nós fizemos uma oposição muito responsável e houve propostas que a própria maioria acolheu e que são o melhor exemplo de que, mesmo na oposição, nós servimos bem o concelho”, conclui.
O atual presidente da Câmara, Eduardo Vitor Rodrigues, que se recandidata ao terceiro mandato, reconhece que a campanha do principal adversário “tem sido uma campanha de ideias, muitas das quais, aliás, ele tem verbalizado na vereação e que nós temos compatibilizado com as nossas posições”.
O recandidato socialista recorda “o passe 13-18, que nós aceitámos como uma boa medida”, mas admite que Cancela Moura “esteja a pensar mais em 2025, do que na atualidade”.
Habitação e transportes nas prioridades das duas principais candidaturas
Cancela Moura elege como prioridades para o concelho o que considera terem sido as falhas do atual presidente nos últimos oito anos: a requalificação de arruamentos “em condições lastimáveis em termos de circulação”, a falta de construção de habitação social em dois mandatos e a rede de transportes públicos.
“Não foi construída uma única habitação social em oito anos. Às vezes, a crítica que se aponta é que isto não é competência da Câmara. É verdade. Mas a Câmara poderia, por exemplo, comprar terrenos em áreas do concelho menos onerosas que permitissem a construção de raíz e, se isso tivesse acontecido em 2013, acredito que em 2017 e 2018 já houvesse alguma construção”, sublinha.
No sector dos transportes, Cancela Moura considera que Gaia está “num beco sem saída”.
“Infelizmente, não tem sido clara a posição do presidente da Câmara que é, simultaneamente, presidente da Área Metropolitana do Porto (AMP), sobre esta matéria”. E acrescenta que “o que vai acontecer no dia três de dezembro, que era o limite para haver uma solução, com um concurso público, não vai acontecer”.
Eduardo Vítor Rodrigues transfere a responsabilidade da situação dos transportes públicos para o Estado.
“Houve uma coragem muito grande dos municípios terem aceitado, há dois anos e meio, os transportes como área da sua intervenção. E isso aconteceu num contexto de um profundo desprezo e do abandono das temáticas do transporte público por parte do Estado central”, acusa o autarca.
“Assumimos uma empresa da Sociedade de Transportes Colectivos do Porto (STCP) numa situação muito difícil, os privados numa situação dramática. Apesar de tudo, conseguimos criar o passe único metropolitano e recuperar alguma rede". Vítor Rodrigues reconhece, contudo, que “não era em dois anos que conseguiríamos resolver problemas de 40.”
A habitação é outro dos grandes desafios de Eduardo Vitor Rodrigues para o terceiro concelho mais populoso do país e volta a criticar o Estado.
“O mercado está completamente disfuncional, desajustado e a precisar de intervenção pública. É uma falha absoluta do Estado”, sublinha.
Vítor Rodrigues está confiante nas verbas da chamada bazuca europeia e lembra que “Vila Nova de Gaia é um dos 70 municípios que conseguiram assinar. Admito que hoje se giga que não haverá dinheiro para todos, mas os que assinaram estão garantidos e esse é o nosso caso.
O candidato do PS diz ter um “ter um programa muito arrojado, o segundo mais importante do país, de 145 milhões de euros para a habitação com renda acessível e esse é o nosso grande desafio”.
Sem grandes preocupações na reeleição para um terceiro mandato, o candidato socialista espera ainda um reforço na sua maioria na Câmara de Gaia.
Para além do PS e da aliança AD, concorrem mais sete candidatos: Renato Soeiro, pelo Bloco de Esquerda; Diana Ferreira, pela CDU; Nuno Gomes Oliveira, pelo PAN, Alcides Couto, pelo CHEGA, Orlando Monteiro da Silva, pela IL; Ana Poças, pelo Livre e Vítor Marques, pelo Movimento por Gaia