O comércio de peças na internet é um negócio paralelo que prejudica o setor dos veículos em fim de vida (VFV), denuncia Luís Costa, vice-presidente da Associação Nacional dos Centros de Abate de Veículos (ANCAV).
Estes sites ganham dinheiro com peças de veículos importados sem que, depois, acabem por reciclar o que resta dos carros desmanchados, frisa Luís Costa.
"Há muita gente a ir buscar carros a Inglaterra, Alemanha e França, coloca-os à venda no OLX e não fazem reciclagem. Há muita sucata a circular na internet que não cumpre os requisitos que nós queremos", diz o presidente da ANCAV.
O setor é rentável, reconhece, e saem todos a ganhar: o ambiente, os profissionais do setor e o consumidor.
Nesse sentido, Luís Costa dá alguns exemplos: "o preço das peças varia. Mas a venda de peças usadas pode ser uma boa solução no mercado automóvel onde muitas vezes já não há peças para veículos com duas dezenas de anos. E para viaturas mais recentes, pode igualmente compensar”.
Tudo depende do carro. “Imagine que é um automóvel com 20 anos. Você quer uma peça que já não existe, nem sequer na marca. Mas se houver na marca e custar 250 euros, eu posso ter essa peça, e vender-lha usada por 10 ou 20 euros.”
É claramente um bom negócio para quem compra. Mas e no caso de ser um veículo com dois ou três anos? Imaginemos, um farolim: “Por exemplo um farolim que novo custa 250 euros. Eu posso vender-lhe essa peça por cerca de 40% do preço de uma nova", refere Luís Costa.
O vice-presidente da ANCAV não limita os problemas do setor à concorrência. Reconhece que ao contrário do que acontecia há 10 anos, há cada vez menos peças de carros, com por exemplo, duas décadas. A culpa, não tem dúvidas, é do fim dos apoios do estado aos compradores de automóveis novos, a gasolina ou gasóleo, que decidam entregar os seus carros velhos.