O ministro da Economia admite que o Governo tem dificuldades em executar o investimento público. Siza Vieira diz que há dinheiro, mas o problema é levar os concursos públicos até ao fim.
Segundo Pedro Siza Vieira, “o país tem uma situação financeira sólida, que lhe permite projetar a possibilidade orçamental de fazer um ritmo de investimento público significativo, assim possamos nós ter a capacidade de execução dos projetos para que temos dinheiro disponível. Nós temos hoje grandes dificuldades de execução do nosso investimento público”
Ouvido esta quinta-feira no parlamento, no âmbito do Orçamento do Estado para 2020, o ministro dá como exemplo os muitos concursos que caem por falta de interessados ou a impugnação de um recente concurso na CP.
“A CP fez um concurso para a aquisição de um volume significativo de material circulante. Imediatamente após conhecida a decisão de adjudicação, um concorrente preterido intentou um processo de impugnação da decisão, que vai suspender este processo por vários meses, pelo menos. Isto está a acontecer sistematicamente”, diz.
“Tivemos situações em que muitos concursos, lançados para a execução de empreitadas de obras públicas, ficaram desertos, porque nenhum concorrente apresentou proposta compatível com o preço base estabelecido, o máximo que as propostas em Portugal podem ter”.
O ministro da Economia retoma ainda a polémica aberta pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, ao defender que nem todas as empresas são produtivas. Pedro Siza Vieira aponta mesmo um sector em particular, que trava a economia: a banca.
“Há empresas altamente produtivas, com níveis de produtividade semelhantes às das congéneres europeias, e outras que estão mal. Há um setor que, só por si, contribui para que a produtividade não cresça mais depressa, que é o setor financeiro.”
“O setor financeiro em Portugal, que tem um peso muito significativo no PIB, tem tido significativa redução dos seus proveitos. Se não tivéssemos esse peso, o crescimento da produtividade era muito superior”, concluiu Pedro Siza Vieira.