Pedro Strecht, da Comissão Independente para o estudo dos abusos sexuais na Igreja Católica, voltou esta terça-feira a destacar a decisão da Conferência Episcopal Portuguesa de encomendar um estudo ao fenómeno e recorda que se tratou de uma decisão que “não foi unânime”.
“Foi uma decisão por maioria”, sublinhou, na sua audição da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais contra as Crianças na Igreja Católica, a requerimento dos grupos parlamentares do CH, do PS e do PSD sobre o conteúdo do Relatório Final «Quebrar o Silêncio» e respetivas recomendações.
Perante os deputados da comissão parlamentar, o pedopsiquiatra insistiu na ideia de que a comissão que liderou “fez um estudo e não uma investigação”.
Pedro Strecht voltou também a afirmar que houve “ocultação das situações”, tendo durante muito tempo predominado “uma cultura clericalista”, com a Igreja a querer em primeiro lugar defender-se a si própria e “só depois a pensar nas vítimas”.
Durante a sua intervenção de cerca de 20 minutos Pedro Strecht fez um resumo do relatório e voltou a referir as principais sugestões e recomendações da Comissão Independente para a Igreja Católica Portuguesa e também para a sociedade em geral, numa alocução sem novidades.
Strecht finalizou a sua intervenção com a conclusão de que “foi um estudo pensado a bom tempo” e que “o final dos trabalhos desta comissão abre espaço para um outro principio que todos esperamos que seja útil e profícuo para as nossas crianças”. O coordenador da antiga Comissão Independente lembrou que o problema de abusos sexuais de menores é “transversal, em todas as sociedades” e que os dados sobre abusos na Igreja Católica são a “ponta do icebergue”.
Esta tarde, a Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias vai ainda ouvir o Presidente da CEP, D. José Ornelas e o Cardeal-Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente.