Um total de 36 aviões militares chineses, incluindo caças e bombardeiros, fizeram incursões em áreas à volta de Taiwan no sábado, anunciou este domingo o Ministério da Defesa da ilha.
Segundo um comunicado, dez dos aviões chineses, entre os quais seis aeronaves Shenyang J-11 e quatro J-16, atravessaram uma linha no Estreito de Formosa que tem funcionado como uma fronteira não oficial tacitamente respeitada por Taipé e Pequim nas últimas décadas, mas atravessada nos últimos meses pelas forças chinesas durante manobras militares.
No sábado, os militares de Taiwan também avistaram quatro caças Chengdu J-10, um avião de guerra antissubmarino Y-8 e três bombardeiros H-6 a sudoeste da ilha, referiu o ministério, que acrescentou que detetou ainda três drones chineses.
As incursões acontecem três dias após a visita a Taiwan do ministro do Comércio britânico, Greg Hands, que se encontrou com a Presidente da ilha, Tsai Ing-wen, apesar dos avisos de Pequim sobre contactos com Taipé.
Na segunda-feira, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da China tinha exigido que o Reino Unido interrompa os contactos oficiais com Taiwan.
A China impôs sanções e outras formas de retaliação contra autoridades e governos estrangeiros que mantêm contactos com as autoridades de Taiwan.
As incursões seguem o padrão habitual estabelecido nos últimos meses pelo exército chinês, que chegou ao ponto de levar a cabo incursões até ao largo da costa de Taiwan, em agosto, na sequência de uma visita à ilha pela presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Nancy Pelosi.
Para a China, a visita de Pelosi foi um dos piores agravamentos das relações diplomáticas nos últimos tempos, interpretada como um gesto de reconhecimento dos EUA da independência de Taiwan.
Após Pelosi se deslocar à ilha - a visita de mais alto nível realizada pelos Estados Unidos ao território em 25 anos -- Pequim lançou exercícios militares numa escala sem precedentes, que incluíram o lançamento de mísseis e o uso de fogo real. Durante quase uma semana, o Exército de Libertação Popular fez um bloqueio marítimo e aéreo de facto ao território.
China e Taiwan vivem como dois territórios autónomos desde 1949, altura em que o antigo Governo nacionalista chinês se refugiou na ilha, após a derrota na guerra civil frente aos comunistas. Pequim considera Taiwan parte do seu território e ameaça a reunificação através da força, caso a ilha declare formalmente a independência.