O movimento “Stop Eutanásia” escreveu uma carta a todos os deputados em que insiste na necessidade de melhorar o acesso da população aos cuidados paliativos.
Os autores da carta começam por sublinhar o contraste entre a legislação da morte a pedido e o tempo de pandemia que se vive, em que todo o país faz grandes esforços precisamente para salvaguardar a vida dos mais frágeis, incluindo os doentes e os idosos.
“A pandemia do Corona vírus tem nos ensinado muito sobre a vida e a morte. Perante a dor imensa que todos sentimos com a perda diária de tantos portugueses, alguns nossos entes queridos, entendemos que é urgente apelar à sensibilidade de todos, para aliviar e confortar quem sofre.”
“Como sabemos, esta pandemia revelou muitas das carências e necessidades que temos ao nível dos lares de idosos, dos cuidados continuados e paliativos; hoje, como sociedade, percebemos melhor que temos o dever de oferecer a todo o ser humano um final de vida digno e acompanhado, junto dos seus, com os adequados cuidados médicos e atenção espiritual que permitam eliminar ou mitigar a sua dor”, escreve ainda a associação.
Sem nunca pedir aos deputados que rejeitem a lei que está agora a ser discutida na especialidade, depois de a deputada Isabel Moreira ter resumido as cinco propostas aprovadas num só diploma de convergência, a associação pede responsabilidade aos representantes da nação no que diz respeito à implementação dos cuidados paliativos.
“Todos desejaríamos ser acompanhados em situações de sofrimento, sem medos nem angústias, ser tratados com carinho. Isto não é uma utopia. Os Cuidados Paliativos são a resposta nestas circunstâncias. Quando os doentes são atendidos adequadamente, deixam de pedir para morrer e querem viver o tempo da despedida, e chegar ao seu fim de vida em paz e com serenidade”, lê-se.
“O pedido da eutanásia surge quase sempre da ignorância sobre a ‘morte boa’ e termina quando se descobre que é possível colmatar ou atenuar o sofrimento sem eliminar a pessoa que sofre. Esta é precisamente a área de intervenção dos cuidados paliativos.”
A organização termina a carta pedindo que os deputados contribuam para uma sociedade mais progressista “que atende os seus cidadãos mais pobres, mais fragilizados, mais velhos e indefesos.”
A lei da eutanásia deve ser aprovada em breve no Parlamento, mas tem ainda de ser promulgada pelo Presidente da República e pode ser sujeita ao escrutínio do Tribunal Constitucional.