André Costa Jorge, coordenador da Plataforma de Apoio aos Refugiados (PAR), disse à Agência Ecclesia que a prioridade para ajudar quem chega da Ucrânia é encontrar “soluções que vão ao encontro das necessidades” que as pessoas trazem.
“Estamos muito apreensivos, naturalmente, com tudo aquilo que se está a passar. Estamos perante uma crise de refugiados da qual não temos memória, sobretudo a geração mais nova”, destacou.
O responsável português explicou que a primeira resposta tem passado por “apoiar o acolhimento de emergência, em articulação com um conjunto de organismos públicos”, e criar “uma rede de acolhimento”, para que as pessoas cheguem a uma “situação mais estável”, nomeadamente em dois “eixos fundamentais”, a habitação e a empregabilidade.
Outra questão é a aprendizagem da língua, para promover a inclusão e a integração destes refugiados na sociedade portuguesa.
O também diretor do Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS) Portugal destacou a chegada, sobretudo, de mulheres e crianças, que vão exigir apoio escolar específico.
André Costa Jorge referiu que cidadãos e empresas estão a associar-se ao JRS para encontrar soluções que “promovam a estabilidade e a segurança das pessoas”, com a sua autonomização.
Um dos projetos, em conjunto com uma seguradora, passa pela criação da modalidade de um “seguro de fiador”, para o arrendamento de casas, e junto de um grupo de saúde o apoio para “necessidades médicas específicas”, num contexto difícil, pelas consequências da pandemia.
“Reservamos um montante financeiro que permite às pessoas, através desta espécie de seguro de saúde, ter consultas médicas”, em paralelo com o acesso previsto ao Serviço Nacional de Saúde, acrescentou.
O coordenador da PAR falou nas várias ações para “apoiar quem está na linha da frente” e para preparar a “capacidade de acolhimento”, que se prevê vir a ser “exigente”.
Em entrevista emitida esta quinta-feira no Programa Ecclesia (RTP), André Costa Jorge elogiou a “grande onda de solidariedade” a nível nacional e europeu.
Comentando as iniciativas “imparáveis” da sociedade civil e a título individual, o responsável sublinhou a importância de que o processo “corra da forma mais ordenada possível”.
“É importante perceber que existe um conjunto de condições prévias, que devem ser acauteladas”, adverte, convidando quem quiser promover este tipo de atividades a “contactar a PAR ou o JRS, para poder aglomerar iniciativas, a nível municipal”, que possam resgatar pessoas.
O JRS Portugal tem em curso a preparação do acolhimento de ucranianos em Portugal e a sua integração, sendo possível contribuir financeiramente (MBWAY: +351 934322579; transferência bancária: IBAN PT50 0035 0413 00042764930 71) ou disponibilizando quartos e imóveis, através do preenchimento de um formulário online.
Esta tarde chegou a Lisboa o primeiro voo humanitário com refugiados ucranianos, transportando mais de 260 passageiros, cerca de metade crianças e muitas mulheres jovens.
“São tão portugueses quanto os portugueses”, disse o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
“É um exemplo que mostra como Portugal, as autoridades, mas sobretudo o povo português, está com o povo ucraniano”, acrescentou.
O Governo português aprovou hoje “medidas excecionais” no âmbito da concessão de proteção temporária a pessoas vindas da Ucrânia em consequência da guerra, para assegurar “um efetivo e célere” processo de acolhimento e de integração.