O PSD acusou o Governo de atuar como a cigarra, cobrando mais impostos e devolvendo menos serviços públicos, enquanto o PS considerou que o estado da nação "é bem melhor" nos últimos anos.
"O real estado da nação sabe-o cada uma das portuguesas e cada um dos portugueses que constroem o país todos os dias. E sabem que o estado da nação é bem melhor nos últimos anos do que o era há uma década. E sabem ainda melhor que o estado da nação está melhor este ano do que no ano passado, o ano em que desafortunadamente se assistiu ao terrível regresso da guerra na Europa neste século", afirmou o deputado e ex-ministro da Educação Tiago Brandão Rodrigues, a quem coube a intervenção de fundo do PS no debate do estado da nação.
Já o PSD, pela voz do vice-presidente da bancada Hugo Carneiro, trouxe ao debate a fábula de La Fontaine da cigarra e da formiga.
"A cigarra é o Governo... a formiga são as famílias e as empresas", disse, acusando o executivo de cobrar cada vez mais impostos e devolver cada vez menos em serviços públicos na saúde, educação ou justiça.
Para o deputado social-democrata, "a estratégia do governo é empobrecer os portugueses e torná-los dependentes do Estado", avisando que "não chega dizer que a economia cresce, se o Estado se apropria de uma enorme fatia dessa riqueza".
"Como dorme descansado... como consente a falta de rasgo e ambição do seu Governo? Senhor primeiro-ministro, porque desistiu do país", questionou, contrapondo que o PSD é alternativa.
"Sonhamos reformar o país e devolver a esperança aos portugueses, aos mais velhos e aos mais jovens, aos trabalhadores e às empresas", acrescentou o social-democrata.
A intervenção de Tiago Brandão Rodrigues foi quase totalmente dedicada ao Ambiente e ao combate às alterações climáticas, área na qual defendeu que Portugal está, muitas vezes, "na dianteira da Europa".
O antigo ministro elogiou a prioridade política dada pelo Governo ao ambiente, destacando a aprovação da Lei Europeia do Clima na Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia ou a possibilidade de o país atingir a neutralidade carbónica ainda antes do objetivo inicialmente fixado para 2050.
"Se já reduzimos as emissões de gases com efeito de estufa em 35% desde 2005, os dados provisórios de 2022 indicam que 57,2% da nossa eletricidade foi produzida a partir de fontes renováveis", saudou, destacando também os apoios concedidos pelo executivo para atenuar os impactos da crise energética, como o Mecanismo Ibérico.
O deputado admitiu que muitos problemas na área do Ambiente "são endémicos, outros são globais", mas deixou uma nota de otimismo.
"O estado da nação no Ambiente é promissor, na dianteira da resposta aos desafios climáticos, portador de uma visão estratégica e assente num compromisso tão exigente quanto transparente connosco mesmos e também com as próximas gerações, que não nos perdoariam se não atuássemos já, agora e sem volta atrás", disse.